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Se estivesse viva, Cássia Eller completaria hoje 46 anos

Há sete anos, exatamente às 19h Cássia Eller falecia decorrente de uma seqüência de três enfartos provocados por mistura de remédios com cocaína. Uma das principais vozes da música brasileira dos anos 90 partia aos 39 anos e deixava uma legião de fãs carentes, entre eles, a comunidade de gay e lésbicas, público fiel da cantora.

Cássia Rejane Eller, nasceu no dia 10 de dezembro em 1962. Seu nome foi uma sugestão de sua avó que era uma devota da Santa Rita de Cássia. Com certeza ela foi uma das cantoras mais cosmopolita do Brasil. Por conta da profissão de seu pai, que era militar, em vários cantos do país ela viveu.

Aos 6 anos foi com a família para Belo Horizonte, aos 10 para o Pará, depois seria a vez do Rio do Janeiro e já na maturidade, ela vai morar em Brasília e é na capital do país que dá início a sua carreira, sem saber que mais tarde seria uma das cantoras mais controversas e subversivas da cena musical.

A carreira profissional começou em um grupo de forró e depois no trio-elétrico Massa Real, o primeiro de Brasília. Foi em 1989 que ela gravou a sua primeira demo. Seu tio, Anderson, seu empresário na época, apresentou o trabalho dela à gravadora Polygram. Na tal demo continha a sua versão para "Por enquanto", de Renato Russo. Surgiu então o seu primeiro contrato.

O primeiro trabalho de Cássia foi lançado em 1990. Assim como Elis Regina, Cássia Eller tinha uma personalidade forte e isso passava para as suas interpretações, tanto é que muita gente chegou a pensar que a música "Malandragem" (de Cazuza) fosse sua. Cássia era intérprete, imortalizava antigos sucessos com a sua voz. Além das jás citadas canções de Renato Russo, também gravou "Pétala", do Djavan, "Não deixe o samba morrer" de Alcione. Clássicos na sua discografia, está o dueto com o cantor Edson Cordeiro em uma versão incrível para "Satisfatcion" dos Rolling Stones.

Cássia era lésbica assumida, mas, como sempre dizia, não gostava de levantar bandeiras. Tímida, curtia viver a sua intimidade ao lado de sua companheira Maria Eugênia, que após a morte entrou em uma briga na Justiça para disputar a guarda de Chicão, filho biológico de Cássia Eller. Em uma decisão inédita o juiz Luiz Felipe Francisco, da 2ª Vara de Órfãos, deu a guarda definitiva a Maria Eugênia. 

É inegável o vácuo deixado por Cássia Eller. Sua postura visceral em palco já não existe mais, hoje a comunidade de gays e lésbicas carece de um ícone tão expressivo na MPB. Pode-se dizer que quem ocupa tal posto atualmente é Ana Carolina, mas de uma outra maneira e com outra postura.

Com a partida de Cássia ficou também a sensação de que hoje já não temos cantoras que falam o que pensam ou que, sem se importar com o pensamento alheio, tirava a camiseta em palco e ficava a vontade, exibindo os seios. Se homens podem, por que ela não podia? É esse tipo de atitude que foi embora com a cantora.

Para matar saudades, separamos alguns vídeos com a cantora. Malandragem é indispensável e cada um da redação escolheu um vídeo para homenagear a querida Cássia Eller. Confira:

O Will escolheu "Luz dos Olhos":

O Hailer escolheu "Nós":

A Diana C. escolheu "Segundo sol":

E o Thi escolheu "Relicário":

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