No Brasil, para a divulgação do filme I Love You Phillip Morris, em exibição na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Rodrigo Santoro roubou a cena na noite de ontem em debate realizado na FAAP, com os diretores do longa, John Requa e Gleen Ficarra, que conta com Jim Carrey e Ewan McGregor.
Questionado pela reportagem de A Capa se não tinha medo de ficar estigmatizado por interpretar outro personagem homossexual (Lady Di
"Penso em mergulhar no personagem, em contar sua história, em fazer da melhor maneira possível. Nesse sentido a sexualidade é um detalhe menor", declarou.
"Mas vou responder essa pergunta matematicamente", começou o ator. A plateia riu. "Se pensar que na minha carreira interpretei 10 heterossexuais, poderia ficar estigmatizado por só interpretar heterossexuais", disse. Mais risos. "Por acaso sou heterossexual, sou tão seguro quanto a isso que não tenho problemas em interpretar gays. Não sei quem, mas sei que tem atores que não aceitam fazer este tipo de papel. Sei que isso acontece", comentou.
Nesse momento, Serginho Groisman, mediador do debate, deu sua opinião sobre o assunto. "Desculpe interromper, mas quando entrevisto o Rodrigo esse é um assunto recorrente. Ele já interpretou um louco [no filme "Bicho de 7 cabeças"]. Poderia ser estigmatizado por interpretar um suicida, imagina".
Vale lembrar que há pouco tempo o galã global Reynaldo Gianechini recusou um papel para ser o vilão gay da minissérie "Cinquentinha", de Aguinaldo Silva, que estreia em 08/12. Pierre Baiteli o substitui, mas também afirmou que estava preocupado em interpretar um homossexual.
No longa, Rodrigo Santoro é Jimmy, o primeiro namorado de Steven Russell (Jim Carrey), antes de ele ir para a prisão e se apaixonar por Philip Morris (McGregor). Seu personagem é vitimado pelo HIV. O ator comparou Jimmy à travesti Lady Di, de Carandiru, do argentino Hector Babenco.
"Adoraria fazer uma história sobre isso (HIV/Aids). Não vou mentir que não passou pela minha cabeça uma preocupação. Mas no caso da Lady Di era diferente. Ela tinha modificado seu corpo, era uma outra relação, outra história. [Aceitei fazer o Jimmy porque] não senti que iria repetir uma experiência", declarou.
A temática da Aids também circunda a personagem Lady Di. No longa, ela faz um exame para descobrir se é ou não portadora do HIV e viver casada com seu marido Sem Chance, interpretado por Gero Camilo.
Questionados se tiveram problemas em captar recursos por retratar o tema da Aids no longa, os diretores foram curtos na resposta. "Bem, nós fomos patrocinados pela França", comentou John Requa.
Beijos no escuro
A reportagem questionou também os roteiristas e diretores do longa, John Requa e Glenn Ficarra, sobre um corte que teria acontecido em
"Houve sim a cena de um beijo tirada após a exibição teste de primeiro corte. Eles [os diretores] foram super bacanas. Me ligaram para avisar e já falaram que tirar a cena seria um elogio. Ela ficou tão boa e funcionou tão bem que chamava demais atenção para si", contou o ator.
"O foco era contar a história. O beijo estará depois no DVD. Houve sim o corte, mas não era nenhuma cena chocante, espetacular ou tórrida como foi noticiado na imprensa", afirmou. Um jornalista que participou do debate questionou os diretores se as cenas de beijo gay à meia luz era proposital.
"Acreditamos que o propósito era fazer cenas românticas. Uma delas era uma cena de fim de tarde. Precisa da iluminação mais escura", comentou Glenn. Requa confidenciou que um dos beijos, que acontece entre Carrey e McGregor na praia com um por do sol ao fundo, não estava no roteiro original.
Serviço:
I Love You Phillip Morris @ 33ª Mostra
04/11 às 22h50 no CineSesc (R. Augusta, 2.075)
05/11 às 19h50 no HSBC Belas Artes 2 (Rua da Consolação, 2.423)