O longa, escolhido pelo Canadá para concorrer a uma indicação ao Oscar 2010 na categoria Filme Estrangeiro, conta a história do conflituoso relacionamento entre o jovem Hubert (interpretado pelo próprio Xavier Dolan) e sua mãe Chantale (Anne Dorval). Hubert é um rapaz de 16 anos talentoso e um tanto quanto prepotente, que está descobrindo sua sexualidade e vive em guerra constante com a mãe.
"Eu Matei Minha Mãe" é o quinto lançamento da Festival Filmes, selo criado em 2008 pela jornalista Suzy Capó. Especializada em filmes para o segmento LGBT, a Festival Filmes vem alcançando bom público com seus lançamentos – "De Repente, Califórnia", que estreou em junho do ano passado, atingiu a expressiva marca de 33 mil espectadores.
"Para uma grande distribuidora, ou mesmo uma de médio porte, isso não é nada. Pra Festival Filmes foi ótimo", comemora Suzy Capó, que em entrevista ao site A Capa comenta sobre o novo lançamento de sua distribuidora e avalia a inserção cada vez maior no mercado de filmes de temática homossexual.
Por que lançar "Eu Matei Minha Mãe" no Brasil?
Em primeiro lugar porque eu gosto muito filme. Depois, porque o diretor/roteirista/protagonista do filme é um diretor muito jovem (ele escreveu o roteiro quando tinha 16 anos e o filme estreou em Cannes quando ele tinha 20) e talentosíssimo, tem uma carreira brilhante pela frente e eu acho particularmente estimulante lançar o primeiro filme de um cineasta que você sabe que vai bombar. Já bombou, né? O filme ganhou 3 prêmios em Cannes, outros tantos pelo mundo afora e foi a indicação do Canadá para uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E este ano ele já tinha outro filme em Cannes, que fez mais sucesso ainda que o primeiro!
Pode comentar um pouquinho sobre o filme?
Eu Matei Minha Mãe fala sobre a relação mãe-filho sob uma perspectiva muito jovem — no melhor sentido da palavra. O filme tem uma linguagem muito contemporânea, é cheio de frescor. Anne Dorval, que interpreta a mãe, tem uma atuação comovente e protagoniza uma das cenas mais contundentes do filme. E Xavier Dolan também está muito bem e a câmera o adora. A temática gay é aberta, mas da forma como é tratada, com delicadeza e sem conflitos, ela acaba sendo uma questão sem muita importância dentro da trama.
Este é o quinto filme que a Festival Filmes distribui no país. Qual foi o retorno de público e bilheteria que vocês tiveram até o momento?
Acho que como todas as distribuidoras, pequenas ou grandes, majors ou independentes, a Festival Filmes teve alegrias e tristezas. Claro, tudo dentro das suas devidas proporções. O filme que teve melhor desempenho, De Repente, Califórnia, alcançou teve cerca de 33 mil espectadores. Para uma grande distribuidora, ou mesmo uma de médio porte, isso não é nada. Pra Festival Filmes foi ótimo.
Lançar filmes com temática assumidamente homossexual ainda é arriscado no Brasil?
Depende da perspectiva. Para uma distribuidora grande, acho que sim, pois o retorno é pequeno, então, não paga a estrutura dos caras, grandes investimentos com publicidade etc.
Vemos que filmes com essa temática – ou que pelo menos incluem um ou outro personagem gay – estão chegando cada vez mais ao grande circuito. Qual é a sua avaliação desse processo?
Acho que a questão gay deixou de ser tabu. Mesmo em países onde ser LGBT é um grande problema, a homossexualidade é tratada nos filmes, pois é algo que faz parte da vida real.
Quais são os próximos lançamentos da Festival Filmes? Já dá para adiantar algum título?
Sim, o próximo lançamento é só no ano que vem: Contracorriente, de Javier Fuentes-Léon, que vai ser o filme de abertura do Festival Mix Brasil este ano [marcado para acontecer entre 11 e 18 de novembro].
Serviço:
"Eu Matei Minha Mãe" (Jai tué mère, França/Canadá, 2009)
Estreia dia 1º de outubro em salas de cinema de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza.
Assista abaixo ao trailer de "Eu Matei Minha Mãe":