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Sem temer represálias, lésbicas árabes criam associação

A despeito de todo o preconceito que permeia o mundo muçulmano, lésbicas de Israel resolveram enfrentar a discriminação e criaram uma associação com o intuito de aproximar as lésbicas árabes, palestinas e israelenses para troca de experiências.

"Muitos gays e lésbicas árabes levam uma vida dupla: são casados e têm uma existência secreta. As pessoas dizem que ser homossexual é proibido pela religião", explica Rauda Morcos, coordenadora da Aswat, cuja sede fica em Haifa, no norte de Israel.

O projeto tomou forma no fim de 2002, quando Rauda e uma amiga, Samira, começaram um fórum na internet para que as árabes israelenses e também as palestinas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia pudessem expressar-se.

Apenas um ano depois, as duas fundaram a associação Aswat, que organiza reuniões mensais de apoio e faz um trabalho de sensibilização e informação da sociedade sobre a homossexualidade. "A sociedade é hipócrita, mas nós repudiamos que este tema fique em segredo. Queremos que seja tratado de forma política e social", afirma Rauda.

Para grupos ortodoxos, como o Movimento Islâmico, organização muito presente na comunidade árabe israelense, a homossexualidade é apenas uma patologia, que pode ser curada. “Segundo a lei islâmica, a homossexualidade é ilegítima, uma espécie de doença que deve ser tratada como tal", afirma o xeque Ibrahim Sarsur, deputado do Parlamento israelense e membro do Movimento Islâmico.

"Nossa sociedade árabe não pode tolerar um fenômeno semelhante", condena.

Apesar do tom de ameaça, Samira diz não temer represálias e garantiu que o trabalho da Aswat vai continuar. “Tentamos fazer nosso trabalho sem lhes dar mais importância da que merecem."

Em Ramallah, quatro estudantes homossexuais criaram em março uma associação análoga à Aswat, mas, por enquanto, eles permanecem clandestinos.

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