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Senadora Marinor Brito pede a cassação de Jair Bolsonaro; leia entrevista

O PLC 122 foi à votação hoje na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado e, como já era de se esperar, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e parlamentares ligados às bancadas conservadoras e religiosas organizaram um ato contra o projeto que visa criminalizar a homofobia no Brasil.

O lobby conservador, pelo menos neste momento, está saindo na frente, visto que, segundo a assessoria da senadora Marta Suplicy (PT-SP), alguns votos a favor do PLC 122 recuaram de última hora. Por conta do tumulto, Suplicy achou prudente e estratégico retirá-lo da votação e apresentá-lo novamente na semana que vem, provavelmente na quarta-feira, dia em que acontece a II Marcha Nacional contra a Homofobia.

Após a votação, Marta Suplicy concedeu uma entrevista a um canal de televisão, e Bolsonaro, acompanhado de uma turba de machistas e homofóbicos, começou a caçoar da senadora e a agredi-la verbalmente. A também senadora Marinor Brito (PSOL-PA) estava ao lado de Suplicy e pediu respeito à parlamentar. Neste momento, os agressores foram para cima de Brito, que acabou batendo boca com Bolsonaro, que a ofendeu com diversos palavrões que ela nem quis repetir na entrevista exclusiva que você lê a seguir.

Durante o rápido bate-papo, Marinor Brito declarou que Jair Bolsonaro é "sexista e tem ojeriza às mulheres". A parlamentar disse ainda que Bolsonaro não "merece" ser deputado e nem "representar o estado do Rio e o povo brasileiro". Por fim, Brito declarou que entrou com uma ação pedindo a cassação do deputado e afirmou que não "vai se calar frente a isso".

O que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) representa?
Ai, meu Deus, se eu pudesse lhe dizer tudo o que eu penso… Mas deixa eu lhe falar: primeiro quero agradecer pela solidariedade, pois eu acho que a imprensa está demonstrando de que lado está em um momento difícil como este. O deputado Bolsonaro não merece representar o povo brasileiro e o povo carioca. Ele tem tido muitas atitudes que depõem contra a função que ele desempenha, muitas delas homofóbicas e com características de uma pessoa misógina, que tem aversão à mulher, e isso está demonstrado na sequência de fatos de agressões a mulheres como a então deputada federal Maria do Rosário (PT-RS, hoje ministra dos Direitos Humanos), com a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), a cantora Preta Gil e agora a mim, e sabe lá quantas outras que nós não tomamos conhecimento.

A senhora já conhecia pessoalmente o deputado Bolsonaro?
Eu nunca tinha o visto na minha frente, essa foi a primeira vez que eu o vi, embora eu já tivesse me manifestado repudiando as atitudes dele desde a época da deputada Maria do Rosário, quando ele chegou a empurrá-la. Eu considero que este episódio (agressão verbal que ocorreu hoje) deva ser a gota d’água e o Congresso Nacional deve tomar providências. Foi o que eu fiz: dei entrada na Procuradoria do Senado, conversei com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pedindo providências. Também relatei o fato ao procurador Demostenes Torres (DEM-GO) e ele se comprometeu na segunda-feira (16), mediante a representação que eu fiz, de encaminhar a Câmara Federal um pedido de cassação do deputado Bolsonaro. O PSOL também deve entrar, diretamente, com um pedido de cassação na Câmara Federal.

O deputado Jair Bolsonaro já agrediu fisicamente e verbalmente a então deputada federal Maria do Rosário e mesmo com toda a gravidade que envolveu o fato não foi cassado. Acredita que ele será cassado?
Pois é, acho que nós estamos vivendo um outro momento político aqui no Congresso Nacional. O Supremo Tribunal Federal (STF) dá demonstrações de que esta situação de intolerância tem que cessar. Olha, este caso ter acontecido aqui no Senado, aqui nos corredores, na frente da Comissão dos Direitos Humanos (SDH), da qual sou titular, onde todas as semanas sento para defender os direitos das mulheres, dos indígenas, dos negros, das crianças, dos adolescentes, das populações ribeirinhas, dos pescadores, dos trabalhadores de um modo geral… Que isso seja um fato a ser levado em consideração.

Sim, mas no caso da Maria do Rosário houve até gravação de imagens pela Rede TV! e nem assim houve cassação.
Na minha opinião, a deputada deveria, na época, ter entrado com uma ação penal, não entrou, mas eu vou entrar. Acredito que a Justiça brasileira vai se posicionar. Porque as palavras ofensivas a mim, que agrediram a minha pessoa como mulher, a minha feminilidade, têm que ser consideradas pela Justiça.

Eu li que houve um bate-boca entre vocês. Quais foram as palavras que Bolsonaro disse a você?
Não houve apenas um bate-boca, ele não terminou ali no bate-boca. Eles estavam intimidando com agressões verbais a entrevista da senadora Marta Suplicy, estavam tentando intimidar a senadora e eu estava perto dela. Quando me virei para pedir a eles que respeitassem a entrevista, um deles colocou a cartilha no meu rosto e eu tirei, aí eles começaram a ofender e a tumultuar, pois eles foram lá para isso. Eles estavam saindo do corredor, quando viram a Marta dando a entrevista, voltaram com a intenção clara de criar um tumulto. Quando eu me insurgi contra eles, aproveitaram para agredir mais. O Bolsonaro, que estava feliz da vida com o episódio, perguntou se eu ia bater no panfleto dele, disse que batia e aí tivemos uma discussão. Ele não ficou satisfeito com a discussão, tinha voltado para o meu trabalho na CDH e depois fui chamada pela imprensa que me informou das palavras de baixo calão, agressivas a minha feminilidade e, obviamente, não vou me calar.

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Luis Antonio-Gabriela