Depois da vergonhosa absolvição de Renan Calheiros em sessão secreta no Senado na última quarta-feira, na qual seis senadores se abstiveram de votar, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) classificou os abstêmios de "gay cívico" na tarde desta última quinta-feira.
Para Camata, o "gay cívico é o senador que não vota nem sim nem não". Em outras palavras seria uma espécie de "café-com-leite" (grifo nosso). "Ele é meio termo, ele está no meio. Quer dizer que, além de esconder na covardia vergonhosa da votação secreta, ele se esconde na abstenção. Ele não está nem para lá nem cá, ele é coluna do meio", explicou.
Gerson declarou não querer ofender os homossexuais com a declaração e pediu que na afirmação constasse o esclarecimento. "Pelo amor de Deus, põe aí que eu não quero ofender os gays".
O senador reconheceu que "exagerou um pouco" na sua crítica, mas alegou que a "revolta sobre o que assistimos aqui ontem, nos leva infelizmente a pensar dessa maneira." Na sua opinião, a sessão secreta que absolveu Renan Calheiros "tornou-se chacota na imprensa de hoje, porque todo mundo soube tudo o que acontecia a todo momento".
Recordar é viver
Apesar de poucos lembrarem, Gerson Camata já protagonizou polêmicas políticas há alguns meses. O senador é autor de um projeto que propõe a realização de um plebiscito para discutir a união civil entre homossexuais, legalização do aborto, financiamento público de campanha, fim do voto obrigatório, redução da maioridade penal e reeleição de prefeitos, governadores e presidentes.
À época da repercussão da notícia Camata declarou que se o projeto fosse alterado iria retirá-lo de pauta. O senador antecipou seu voto sobre a questão do aborto. "Sou contra o aborto, se houver plebiscito, eu vou votar contra". O projeto foi duramente criticado por querer reunir temas tão polêmicos em uma mesma consulta.