Maikon Azzi é diretor da Federação dos Bancários da CUT (Central Única dos Trabalhadores), integrante do coletivo LGBT da central sindica e esteve no último sábado (03/07) em São Carlos para participar da mesa que discutiu políticas públicas LGBT, que fez parte da programação do IV Encontro Paulista LGBT.
Após a mesa, Maikon concedeu uma entrevista exclusiva para o site A Capa. Na conversa, ele relatou um pouco da história do núcleo LGBT da CUT, onde atua desde 2005. Para Azzi, a luta LGBT é importante no meio sindical, pois se trata de um meio "machista". O ativista, que fez muito sucesso entre os participantes do encontro gay paulista, disse que é necessário fazer os sindicalistas entenderem as questões LGBTs e as "orientações sexuais".
Azzi também revelou que, quando foi candidato ao cargo de diretor do Sindicato dos Bancários, não sofreu preconceito, "muito pelo contrário", diz ele. Além da CUT, falou-se também a respeito de outras sindicais que estão atuando na questão LGBT.
Desde quando existe esse trabalho LGBT na Central Única dos Trabalhadores (CUT)?
Na verdade, eu milito na questão LGBT desde quando entrei no banco em 2005 e foi quando conheci o sindicato e tive acesso ao coletivo. Depois de alguns anos, acabei sendo eleito para a diretoria do sindicato e lá nós temos todo um trabalho de base com a militância sindical, que não é apenas a de LGBT: tem a dos negros, das mulheres, juventude etc. Aí, por identificação, acabei entrando no LGBT.
Qual é a situação do sindicalista gay hoje?
Os sindicalistas são machistas. Trazer esse assunto e se assumir pode ser um pouco complicado, pois você pode virar alvo de piada. Mas a questão do sindicato é justamente essa, nós somos totalmente a favor da sociedade e dos direitos humanos. É inadmissível esse tipo de manifestação: homofobia contra gays, racismo contra negros… Eu particularmente não tenho problema quanto a isso (homofobia no sindicato) e, nos coletivos que fazem parte da CUT, também nunca tivemos algum tipo de problema relacionado à homofobia.
Você já foi alvo de piadas homofóbicas?
Não.
Quando você foi candidato à diretoria do Sindicato dos Bancários, não houve questionamentos, piadas por conta de você ser gay?
Não tive problema nenhum, pelo contrário, o pessoal tem uma abertura muito legal dentro do sindicato. Até porque a eleição é um resultado da minha militância gay.
Hoje, além da CUT, a Intersindical (PSOL) e a Conlutas (PSTU) também promovem trabalhos ligados à questão gay. Como você avalia a questão gay dentro do movimento sindical?
Isso é importantíssimo. A Conlutas e a Intersindical são outras centrais de trabalhadores, e o legal é que nós temos a mesma visão. Nós somos entidades apartadas, mas temos a mesma visão de direitos e com certeza eles (Conlutas e Intersindical) também não lutam apenas por LGBTs, estão em briga contra o racismo, direito das mulheres, então isso é positivo.
Desde que você começou esse trabalho no meio sindical, acredita que a homofobia diminuiu?
O machismo é uma questão de cultura, então não é uma coisa que funciona assim: depois que a central começou a debater, isso vá diminuir. Isso não envolve apenas a luta sindical, isso é uma questão de casa, escola, diálogo e o nosso trabalho é justamente esse: fazer com que esse público machista entenda o que é o nosso seguimento [LGBT], a nossa orientação.
Acredita que existe muito sindicalista enrustido?
Acredito que não. Até porque o sindicalista é um sujeito que mete a cara e vai à luta.