Para conseguir o apoio do senador bispo Marcelo Crivella (PRB), o candidato ao governo do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), retirou, nesta quinta-feira, 5/9, “em caráter definitivo”, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 70), que previa o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Apesar de o candidato Sérgio Cabral negar a informação, o senador Marcelo Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, confirmou que “Sérgio Cabral aceitou minha ponderação. Isso [proibir a união entre pessoas do mesmo sexo] é um principio fundamental tanto da Igreja Católica quando da evangélica, que é maioria no Rio. Pedi a ele que revisse a posição e ele o fez. Assinou o requerimento retirando o projeto, e achei isso um gesto muito importante”, afirmou o senador à Folha de São Paulo. Sérgio Cabral, que disputa o segundo turno no Rio de Janeiro, nega que existiu algum acordo para retirar o projeto a pedido de Crivella e que foi uma medida provisória, para revisar o projeto. “Não [retirei a PEC como parte do acordo para receber apoio de Crivella] de maneira alguma”, afirmou. “Vou dar uma revisada no projeto, chegar a um acordo. Há uma proposta de fazer uma consulta pública, um plebiscito, que o senador Camata já vinha apresentado, junto com o voto obrigatório, com cinco pontos importantes. Então, vou dar uma revisada nisso, talvez, fazer um novo projeto, na linha do plebiscito”, finalizou Cabral. O fato é que Cabral, que também tem apoio do Presidente Lula, de fato, retirou a PEC. O site do senado informa por meio de requerimento 1.023 de 2006, que Sergio solicitou “a retirada, em caráter definitivo da matéria de sua tramitação”. Para Cláudio Nascimento, do Grupo Arco-íris, “muitos GLBT que possivelmente votariam no candidato receberam com indignação a atitude contraditória de Sérgio Cabral. Ele cometeu um erro gravíssimo e poderá pagar por isso. O Rio Janeiro tem mais de um milhão de eleitores homossexuais e podemos definir uma eleição”. Cláudio ainda reforça que durante o primeiro turno, o grupo apoio e defendeu o candidato que foi covardemente atacado com panfletos, com dois homens se beijando, que divulgava o apoio de Cabral ao casamento gay. “Eles foram atacados covardemente com panfletos sem assinatura, criticando os candidatos por estarem associados à política dos direitos humanos, afirmando que os mesmos eram progressistas na defesa dos direitos dos homossexuais por isso devia haver um rechaço a eles”, finalizou Cláudio. Nessa quinta-feira, 5/10, tanto o Sérgio Cabral quanto o senador bispo Marcelo Crivella foram ao Palácio do Alvorada, onde foram recebido pelo presidente que declarou apoio ao candidato ao governo do Rio de Janeiro.
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