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Série Alice estréia em março na HBO com casal de lésbicas

A HBO voltou a apostar em produções nacionais. Após exibir “Mandrake” (José Henrique Fonseca) e “Filhos do Carnaval” (Cao Hamburguer), a emissora prepara-se para lançar em março de 2008 a série “Alice”, obra do cineasta Sérgio Machado (Cidade Baixa).

A história é da personagem-título, uma jovem tocantinense de 26 anos que visita a capital paulista em busca de uma herança deixada por seu pai e acaba seduzida por uma metrópole como São Paulo, uma das maiores do mundo.

A cada episódio, com uma hora de duração, uma realidade cheia de possibilidades vai se revelando, fazendo com que Alice adie a volta para casa.

No elenco, composto em sua maioria por caras novas, estão Eduardo Moscovis (Lourenço), Walderez de Barros (Glícia), Regina Braga (Luli), Andréia Horta (Alice) e Denise Weinberg (Dora). Em meio a este recorte do cotidiano de São Paulo, surge a relação entre Luli (tia de Alice) e Dora. Duas cinqüentonas, maduras e livres, que transformam sua amizade numa linda história de amor.

Em entrevista ao Dykerama.com, Denise, que recentemente obteve os prêmios Shell e da APCA como melhor atriz, contou mais a respeito deste envolvimento lésbico que terá direito a cenas íntimas. Confira abaixo:

Dykerama – É a primeira vez que você interpreta uma personagem lésbica? Como foi a experiência de viver Dora?

Denise –
Dora não é a primeira personagem lésbica que faço. Em 2001, fiz no Teatro Augusta “Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, de Fassbinder, história de uma estilista famosa, heterossexual, mas que de repente se apaixona perdidamente por Karina, uma modelo bem mais jovem, numa obsessão doentia, à la Fassbinder.

Acho Dora mais saudável. É uma mulher que foi casada durante 15 anos, tem uma filha, Joana (Olga Machado), morou fora do Brasil várias vezes e no Japão se apaixonou por uma mulher. Separou-se do marido e mais tarde também se separou dessa mulher. E agora, eis que de repente surge Luli (Regina Braga), uma heterossexual convicta, e começa a surgir um novo amor, e depois dos cinqüenta! Isso é muito bonito, é muito positivo, traz uma nova alegria para a vida!

Dykerama – Quais os aspectos que você mais gosta e menos gosta na personagem?

Denise –
Dora é um personagem muito alegre, solar, que tem muito prazer nas coisas da vida, em comer bem, namorar bem, morar bem, enfim, e também com muito humor. Às vezes ela é impulsiva, e sua ousadia tem seu preço.

Dykerama – O que a Dora e a Denise têm em comum?

Denise – Dora e Denise têm em comum essa energia de fazer, movimentar, essa animação de viver, experienciar.

Dykerama – Há cenas de nudez e beijo lésbico?

Denise – Há cenas de amor sim, como conseqüência óbvia de uma história de amor, em que tivemos todo um cuidado e preparação para não vulgarizá-las, tornando-as delicadas, elegantes e bonitas de se ver. Nisso, os diretores e a equipe inteira tiveram grande preocupação, o que fez com que nos sentíssemos à vontade. Eu e Regina temos uma ótima sintonia, portanto tudo rola sem stress, sem muitas tensões. Parece que realmente nos conhecemos há muito tempo. E é o nosso primeiro trabalho juntas.

Dykerama – Relacionamentos homoafetivos na televisão brasileira ainda são considerados tabu. O que você acha desta idéia de participar de uma produção que ajudará a rompê-los?

Denise – Eu acho que não temos a pretensão de quebrar tabus, mas simplesmente falar sobre relações, sejam elas quais forem. A série fala de relações diversas: patroa e empregado, mãe e filha, amiga e amiga, senhoras e garotos, senhores e garotas, homem e homem, mulher e mulher, homem e mulher, enfim, as combinações possíveis que acontecem numa metrópole. O lesbianismo surge aí como uma das mais diversas possibilidades, baseado numa história de amor.

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