Pelo menos três pessoas ficaram emocionadas na noite de ontem quando aconteceu, no plenário 1º de Maio, da Câmara Municipal de São Paulo, a Sessão Solene Alusiva ao Dia do Orgulho LGBT.
O evento que contou com apoio estrutural do vereador Ítalo Cardoso (PT) homenageou os militantes Paulo Giacomini, Lula Ramires e Denise Coelho, os idealizadores e responsáveis pela primeira edição da Parada Gay de São Paulo e marcou a abertura oficial das atividades do Mês do Orgulho.
A Parada teve sua história, desde 1997, lembrada e contada pela antropóloga e doutora Regina Facchini. A ativista é estudiosa do movimento LGBT e lembrou de manifestações que marcaram a trajetória de lutas desta comunidade, como o protesto contra o dr. Richetti, delegado higienista que promovia a "limpeza" do centro da cidade promovendo prisões de travestis, homossexuais e prostitutas que frequentavam a região central de São Paulo. Para a ex-vice-presidente da Associação da Parada, o ato pode ser comparado a um Stonewall brasileiro.
Os homenageados, em suas falas, concordaram ser "injusto" receber tais homenagens, visto que "a Parada é o que é por causa de um esforço e engajamento coletivo". Lula Ramires, do grupo CORSA, lembrou momentos marcantes e contou histórias do ativismo dos companheiros de militância.
"O Paulo foi uma das pessoas que ajudou a conseguir a bandeira de 50m para a primeira Parada. Acho importante aproveitar esses momentos para tirar essas histórias do armário. Essa é uma coisa que poucas pessoas sabem. Mas metade do valor da bandeira foi pago com o dinheiro de uma parlamentar, a Marta Suplicy, que não queria que divulgássemos isso, mas acho justo fazer esta homenagem neste momento. A outra parte do valor foi dividida por quatro casas GLS", contou.
"A Denise", continuou Lula, "era impressionante. Como não tínhamos dinheiro para fazer flyers e material de divulgação, xerocamos o convite para a Parada. Era incrível como a Denise distribuía os informativos. E ela não entregava apenas. Falava para cada um ó, vai ser a primeira Parada Gay que vamos fazer. Você tem que ir".
O evento acabou por volta das 22h, porque começou uma hora após o previsto (19h). Participaram da mesa, que antecedeu a solenidade e as entregas das flores, o presidente da Parada, Alexandre Santos; o militante Julian Rodrigues; Marcia Balades, da LBL – Liga Brasileira de Lésbicas; Dr. Esper Carlos, médico infectologista; Dimitri Sales, da Coordenação Estadual de Políticas para Diversidade e Franco Reinaudo, da Cads – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual, representando o prefeito Gilberto Kassab (DEM).