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Sessenta anos após morte, Carmen Miranda continua sendo ícone LGBT

Entra geração e sai geração, todo mundo sabe, viu ou pelo menos ouviu falar em Carmen Miranda (1909-1955), uma das artistas que mais levou a cultura brasileira para o mundo afora. E, sessenta anos após a sua morte, que ocorreu no dia 5 de agosto de 1955, a Pequena Notável continua sendo um ícone pop e, por que não, gay.

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Com carreira na música, cinema e teatro, Carmen trazia a imagem extravagante, inovadora, muitas quebradas de mão e figurinos cheios de balangandã para nenhuma Lady Gaga botar defeito. E "cabeças" que antecediam e inspiravam o fenômeno drag.

Sorridente, com sobrancelha arqueada e sempre com muitas cores, ela era sinônimo de alegria e felicidade – exatamente o significado original da palavra "gay".

Na época em que estourou em todo o mundo, os LGBT não tinham tanta visibilidade. Ao contrário, dificilmente conseguiam sair do armário e mostrar quem são. Mas certamente estavam escondidinhos admirando aquela mulher especial pela TV e nos palcos. Tanto que assim que a "liberdade sexual" saiu da caixa vários assumiram Carmen como referência e musa. 

Mas o carinho não foi unilateral. Mesmo naquela época, a cantora demonstrava ser totalmente gay-friendly, viu? Dentre amigos da diversidade, estava o ator Cesar Romero, com quem contracenou em Havana. Ele era um dos poucos atores a "ousarem" se revelar homossexual no conservador mercado de artistas de Hollywood. E, ela, a apoiá-lo sem restrições. 

"Ela era super-moderna, liberal e compreensiva a quaisquer tipos amorosos", explicou a amiga Dulce Damasceno de Brito, que escreveu o livro o ABC de Carmen Miranda.


 

O QUE É QUE A CARMEN TEM?

Carmen Miranda nasceu em Portugal em 9 de fevereiro de 1909 e veio ao Brasil com a família quando tinha apenas 10 meses. Ela trabalhou como vendedora de loja de gravatas e em uma loja de chapéus – daí que surgiu o gosto pelas roupas e adereços. Depois, trabalhou com os pais numa pensão, onde soltava a voz.

A carreia artística começou em 1928 nas apresentações na Rádio Sociedade, no Rio, e o primeiro disco trouxe o grande sucesso Tahí, de Joubert de Carvalho. Dona de uma voz com timbre único e um figurino absolutamente incomum, foi apelidada de "A Pequena Notável" pelo radialista César Ladeira.

Em 1939, fez a sua estreia no continente americano, sendo chamada de The Brazilian Bombshell. Mas foi bastante criticada e acusada de ser usada pelo governo de Getúlio Vargas para difundir a amizade brasileira com os norte-americanos. Tanto que lançou como resposta a música "Disseram que voltei Americanizada", num show no Cassino da Urca.

Estrelou ainda filmes como Estudantes, Alô, Alô Carnaval – em que canta "Nós Somos as Cantoras do Rádio" – e Banana da Terra, que traz O que É que a Baiana Tem. Foi a única artista sul-americana a deixar as mãos na Calçada da Fama de Holywood em 1942. Teve em seu repertório músicas como "Mamãe Eu Quero", "Tic-Tac do Meu Coração". Além de lançar moda: turbantes e balangandãs imitados à revelia, assim como seus trejeitos.
 

Morreu em 1955, vítima de um colapso cardíaco. O enterro foi acompanhado no Rio de janeiro por cerca de 500 mil pessoas, que cantavam os seus sucessos. Deixou inúmeros fãs desconsolados e uma carreira que é lembrada 60 anos depois de sua morte, entrando no hall de artistas inesquecíveis.

MEMÓRIA MANTIDA POR ARTISTAS LGBT

Vale ressaltar que o nome de Carmen é lembrado até hoje pelo trabalho dela, claro, mas também pela homenagem que inúmeros artistas transformistas e drag queens fazem. Nos anos 80, o transformista recifense Eric Barreto – que também foi conhecido como Diana Finsk – fez o maior sucesso no país encarnando Carmen.

Ele chegou a se apresentar em vários programas de TV, como o de Silvio Santos, e surpreendia as plateias pela semelhança e performance. Hebe Camargo era uma de suas maiores fãs. Eric morreu em 1996.

Atualmente é a fantástica artista Lana Miranda (foto) que leva a memória de Carmen para a antiga e novas gerações. Além da performance em dublagem, Lana também canta e tem um timbre que se assemelha ao da artista. É incrível!

Ela conta que começou a gostar da artista aos 12 anos, quando escutou a música "Tico-Tico no Fubá" e se encantar pela figura. "O que mais gosto de Carmen é o sorriso. Ele transmite alegria e eu fico automaticamente feliz quando vejo", declara.

Por meio dela e de outras artistas que se arriscam na performance – e até mesmo de festas icônica que levam o seu nome – Carmen ainda vive, canta e encanta… E podemos matar a saudade e até conhecer um pouco mais desta grande Pequena Notável. 
 

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