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Show de travesti na Assembléia de SP causa polêmica; deputado explica o acontecido

O fato aconteceu há um mês, mas só repercutiu nos últimos dias. Durante o lançamento oficial da Frente Parlamentar em Defesa da Comunidade Gay, em 24 de outubro na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, uma transformista apresentou seu número. Por causa disso, o deputado Carlos Gianazzi (PSOL), responsável pela criação da Frente, está sendo acusado por um colega de quebra de decoro parlamentar por conta da performance no plenário Dom Pedro I.

Em entrevista ao site A Capa no final da tarde desta segunda-feira 26, o deputado Gianazzi declarou-se surpreendido com repercussão tão tardia do acontecido. Para o parlamentar, o episódio demonstra o quanto "alguns setores da Assembléia são ainda muito conservadores".

Gianazzi explicou que durante a sessão aberta ao público, "onde estava presente pessoas do movimento GLBT, membros de uma igreja evangélica homossexual, que inclusive fizeram um discurso muito interessante" a transformista pediu para se apresentar. Carlos aprovou. "Eu disse ‘claro’, isso aqui é de vocês. Até para não ficar apenas no debate que acontecia até então".

Para o parlamentar, o caso esbarra numa questão de falso moralismo. "Trata-se de uma dança cultural, uma manifestação artística. Aqui na Assembléia, em homenagem ao dia do samba, há desfiles de passistas. Quer dizer que não pode porque é uma transformista?".

Ser cassado por permitir a apresentação seria uma "volta às trevas, uma volta a idade média, um retrocesso na defesa da diversidade sexual", afirmou Gianazzi, que aproveitou para rebater as acusações sobre a quebra de decoro parlamentar. "Isso não foi quebra de decoro. Quebra de decoro é um político fazer tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, compra de votos. O que aconteceu lá foi uma manifestação artística, de alguém que usa o seu corpo para se expressar e chamar a atenção para a causa da homofobia".

Gianazzi considera que a repercussão não afetará a atuação da Frente, que hoje conta com 15 deputados de um total de 94 na Assembléia. "Continuamos na luta contra a homofobia e na defesa dos cidadãos homossexuais", revela o deputado, que adiantou que há pessoas sugerindo à Associação da Parada [do Orgulho GLBT de São Paulo] que no ano que vem ela comece na Paulista e termine em frente à Assembléia Legislativa, num grande abraço, e em ato de desagravo ao acontecido.

Rubens Carsoni, assessor parlamentar do deputado, diz que seu mandato sempre encarou a questão da diversidade sexual como algo natural. "Esta é uma oportunidade histórica de debater o assunto com seriedade", completou.

O deputado Waldir Agnello, do PTB, encaminhou à presidência da Casa um pedido de explicação sobre a performance. Ele acusa Gianazzi de quebra de decoro parlamentar por ter organizado o evento. Agnello declarou à Globo que a vestimenta da transformista não era adequada. "Ele estava de roupas mínimas, calcinha e sutiã. Para uma mulher já seria inadequado; para um homem, continua sendo inadequado. Eles podem usar nos lugares privados, mas não num lugar público".

Carlos Gianazzi recebeu manifestações de apoio de outros parlamentares. A ex-senadora e atual presidente do PSOL, Heloísa Helena, afirmou neste domingo que considera "estranhíssima" a reação de alguns parlamentares à apresentação da trans.

"Nem consigo acreditar que, com todos os problemas gravíssimos existentes no País, esse tipo de coisa entre na pauta de discussões", completou.

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