Desperto devagar. Quando abro os olhos, vejo uma luz azulada entrando pelo vidro da janela do quarto.
“Deve ser cedo ainda”, pensei. Tudo estava silencioso e o Sol ainda não aparecia forte, fazendo com que todo o ambiente ficasse dominado pelo azul do amanhecer, invocando uma sensação de profunda paz.
Tento me mexer e percebo que meu braço está dormente. Sinto sua cabeça aninhada sobre meu ombro e seu braço sobre minha barriga. Devagar, me viro para o lado e vejo que ela ainda dorme profundamente.
Fico alguns instantes a olhando, com um sorriso nos lábios. O rosto delicado, o cabelo negro caindo nos olhos, o contorno da boca. O Sol começa a bater devagar no vidro, filtrado pela persiana e atingindo a parede vermelha, iluminando-a e tingindo o ambiente de um misto maravilhoso de cores…
Mexo-me cuidadosamente, buscando levantar, mas ela me abraça e me puxa pra perto, em posição de conchinha. Deixo-me ficar ali mais alguns instantes, sentindo sua respiração nas minhas costas. Tudo era silêncio. Tudo era perfeito. Tudo estava onde deveria estar.
Enfim levanto e, ainda de calcinha, vou abrir a janela para deixar entrar um pouco mais daquela luz, mas sem acordá-la. Distraio-me um pouco, observando a rua e o correr lento do dia ensolarado. Quando me viro, a vejo olhando para mim.
Ficamos alguns segundos nos fitando. Ela estava simplesmente maravilhosa, deitada de bruços, nua, com a luz batendo em seu rosto, fazendo seus olhos me hipnotizarem. Ela sorri, de um jeito menina-mulher que só ela sabe fazer e, com um gesto de mãos, me chama de volta.
Muito lentamente, me deito sobre ela. E então, calma e silenciosamente, começamos nossa manhã de domingo.
(Para Elis)
“Silenciosamente, te falo com paixão” – Lulu Santos