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Skinheads agridem jovens gays em Sto André; Polícia Civil se recusa a fazer B.O

No último sábado (26/07) a entrada do Shopping ABC foi palco de um massacre homofóbico. Por volta das 22h um grupo com aproximadamente 60 pessoas chegou ao local onde se reúnem, em média, 300 pessoas (entre gays, emos, travestis e transexuais) todos os finais de semana, e começaram a espancar quem estivesse por lá. P. transexual e professora que estava na hora do ocorrido conta o ocorrido. "Foi um massacre! Quem esteve lá não vai esquecer. Eles batiam em todo mundo sem dó, cercavam, jogavam no chão, pisavam. Muitas pessoas correram para dentro do shopping, mas alguns seguranças sem entender o que estava acontecendo colocavam pra fora".

K., um adolescente que também esteve na noite do ataque homofóbico també, relata o que viu, "olha, eu cheguei pra encontrar os meus amigos por volta das 19h. Aí ficamos lá conversando. Por volta das 21h/22h chegou do nada um monte de cara e começou a bater em todo mundo. Nessa hora corremos pro shopping e os seguranças nos avisaram que só poderíamos ficar até a última sessão de cinema. Ligamos para uma amiga nossa e pedimos que ela nos fosse buscar". Sobre os agressores P. e K. dão testemunhos semelhantes e afirmam que havia uma junção de punks, carecas e rappers.

"Na hora de ir embora havia um garoto imóvel, a polícia chegou e colocou esse menino na ambulância e só. Eles não fizeram mais nada. Isso não foi a primeira vez que aconteceu. Estamos assustados e não pretendemos voltar lá", afirma K. A professora transexual P. conta mais sobre a cena, "na hora em que todo mundo saiu correndo foi um horror, teve gente que foi pisoteada. Os agressores gritavam ‘quem for  gay vai apanhar’. Teve um garoto que foi se esconder na passarela que tem perto do shopping, mas lá tinha gente do bando. Bateram tanto nesse menino, ele foi duramente espancado. Agora ninguém mais vai lá. Eu mesma vou direto do meu trabalho para a minha casa".

Autoridades se mobilizam

Marcelo Gil, presidente da ONG ABCDS – Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual – de Santo André, disse a reportagem do A Capa que eles estão "pasmos" com a situação, "estamos com medo e não sabemos o que fazer. Todos os sábados um grupo de 200, 300 pessoas se reúnem em frente ao Shopping ABC. As primeiras dessas denúncias recebemos há três semanas e fomos averiguar. Os seguranças do shopping confirmaram a história e a direção de lá disse que irá disponibilizar as fitas das câmeras de segurança. Disseram que foram gravadas algumas cenas do espancamento." Gil também reclamou de certo isolamento da região de Santo André, "aqui nós não temos para onde correr. O secretário de Direitos Humanos daqui disse que não somos mais vulneráveis e que só queremos aparecer".

Dimitri Sales, assessor jurídico da CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual, da cidade de São Paulo – está acompanhando o caso de perto e falou sobre os procedimentos que serão adotados, "encaminhamos para o DECRADI, pois isso é assunto da segurança pública".  Sobre o grupo agressor ser ou não formado por carecas, ele diz, "não posso afirmar que são, pois pelo perfil do Orkut não parece, não é um grupo conhecido, isso será investigado".

A reportagem do A Capa tentou entrar em contato com a delegada Margarette Barreto do DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), porém ela estava em um curso. Conversamos então com a Dra Daniela Benassi, que adiantou o seguinte sobre a investigação. "Recebemos nessa data (ontem) a denúncia. Ainda vamos analisar o caso. Passamos todo o material para o investigador e ele já iniciou a pesquisa. Mas, fica difícil pois não há B.O (Boletim de ocorrência) dos agredidos".

A vereadora de Santo André, Heleni Paiva, do PDT, que acompanha a história de perto esclarece a história da ausência de B.O. "Há dois problemas: eles são muitos jovens, alguns pais se recusam a deixá-los fazer o boletim de ocorrência e outros ainda têm medo de expor dessa maneira. O segundo problema é que a Polícia Civil se recusou a fazer B.O desses jovens, disse que eles não são vítimas. Como assim? Essas ameaças podem se concretizar, então eles são vítimas". Heleni esteve na última segunda-feira (28/07) com alguns jovens agredidos, na Câmara Municipal de Santo André. Ela adiantou também que a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo vai pedir explicação ao delegado civil da cidade sobre a recusa de receber os boletins de ocorrência e também fará uma moção de repúdio por conta disso.

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