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Slumdog millionaire, o filme do ano

Quando surgiu em 1996 com o filme "Trainspotting", o diretor Danny Boyle foi apontado com um dos melhores daquele tempo e de sua geração. O seu filme de estreia foi impactante e virou clássico. Depois ele voltou com "A praia", não era tão bom quanto, mas era legal. Porém, ele veio com dois filmes de ficção que nem merecem ser citados de tão caricatos que são. E o moço sumiu.

E eis que ele retorna silenciosamente com o Slumdog Millionaire (no Brasil se chamará Quem quer ser milionário?). Até então, o filme da vez era "O curioso caso de Benjamim Button". Benjamim Button é um bom filme. Tem um ótimo roteiro. Mas é aquela coisa comum. A sua estrutura é padrão, a seqüência, a montagem. Destaque para a maquiagem que é impressionante. Mas não é o filme do ano e nem tem a direção do ano. E também não levará o prêmio de melhor ator. Sorry Brad Pitty, mas quem leva é Sean Penn por Milk.

E não sou eu que está falando. No Globo de Ouro Slumdog levou os prêmios de melhor filme, diretor, roteiro, trilha sonora que realmente é demais e casou perfeitamente não apenas com o filme, mas com cada música que foi escolhida para cada cena. E tem outra, o filme de Boyle é moderno em todos os sentidos. E a grande maestria do diretor é fazer um filme Cult e ao mesmo tempo popular. É bem provável que o espectador de Button adore Slumdog e torça por ele. Benjamim enquanto concepção é datado e quadrado.

E lá veio o Bafta, premiação tão importante quanto o Oscar. Benjamim reinava nas indicações e levou apenas duas e Slumdog oito. O que isso significa? Apenas o fato. Tal coisa me lembra o ano de 1996 quando o grande vencedor em vários prêmio foi o belo "O paciente inglês". Produção independente de $ 60 milhões  que desbancou o Benjamin da época, "Watterworld" de Kevin Costner, que na época custou $160 milhões. O paciente ficou com nove Oscar e o mundo aquático de Costner com nada.

Mas penso se os críticos da premiação oscariana mudaram tanto assim. Bom, só por uma simples análise dos indicados a filmes do ano, eles mudaram sim. Estão mais atentos aos temas de hoje e esse é mais um fator negativo para Benjamim. O tema ali tratado- não podemos apagar os erros e nem viver de trás para frente sem conviver com a melancolia- já foi abordado de forma bem mais profunda em "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Ah, outra e mais importante: Benjamim Button nem é o melhor filme de David Fincher. Já assistiu o "Clube da Luta"?

Enfim, Danny Boyle ressurgiu do ostracismo com um  filme que é um chute na cara. Consegue retratar a história de um garoto que sonha em ser rico para levar consigo o seu amor de infância, a miséria na Índia e o fator do tráfico na juventude de lá. Isso sem ser piegas e cafona e sem querer fazer a linha do politicamente correto. Faz um belo retrato  a respeito da especulação imobiliária e os novos ricos do país hindu. E tudo isso com uma obra não linear, rápida e pra lá de ousada. A montagem do roteiro é incrível. Parece que o filme estreia em maio por aqui. Pois- pasmem- ainda não há produtora interessada em trazê-lo pra cá. Talvez depois do Oscar mude.

Se ele vai ser o vencedor do Oscar? Eu torço. Mas isso não importa, eu adorei o filme. E é o melhor de Danny Boyle, só espero que ele não volte a fazer ficções.

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