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Sobre “casamento” gay e crianças

– Tio, o que o Paco é seu? – perguntou o priminho de 10 anos de meu marido.

Após pensar um pouco, receoso, Ralph respondeu:

– Meu namorado, meu marido.

– Ah, bom, retrucou o pequeno. Mas ele não é homem?

– É, mas você verá com o tempo que relações assim são comuns – finalizou meu marido. A criança olhou para ele e, com naturalidade, aceitou a resposta.

Acredito que meu marido tenha dado a melhor explicação para uma pergunta simples e que ainda gera polêmica no seio familiar. Ele defende a ideia, amplamente aceita por psicólogos, de que a criança, a partir do momento que se mantém curiosa por determinados assuntos, merece uma resposta verdadeira, mas que não revele sua complexidade, uma vez que a total associação do padrão heterossexual como "usual" faz parte de seu dia a dia desde o nascimento.

Esse tipo de assunto deve ser sempre discutido com naturalidade – em casa, na escola, entre os amigos –  exposto e explicado de maneira gradual e cuidadosa, de forma a apresentar à criança que esta é uma realidade com a qual ela invariavelmente vai se deparar no futuro.

Entender não é aceitar determinada coisa para si mesmo. A compreensão de algo que não faz parte de sua vida diretamente vai além de conviver com esse tema no cotidiano, mas respeito é termômetro de qualquer tipo de relação. Afinal, somos diferentes de nossos pais, tios, primos, amigos, e isso nunca foi motivo para nos impedir de construir relações. Porque, dadas as diferenças, essas relações acontecem e permanecem por aquilo que admiramos e elas nada têm a ver com o que fazemos entre quatro paredes.

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