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Somos um número

Se não tomarmos muito cuidado, viramos um número até para si mesmo. Porque a partir do instante em que nascemos classificam-nos com um número. Nossa identidade é um número. O registro civil é um número. Título de eleitor é um número. Profissionalmente falando nós somos também. Para ser motorista, tem carteira com número, e chapa de carro. Nosso prédio, telefone, número de apartamento. tudo é número!
Se tem propriedade, também. Se é sócio de um clube tem um número.
Para pegar um avião, nos dão um número. Se somos católicos (todos somos sem ao menos ter optado), recebemos número de batismo. No registro civil ou religioso, somos numerados. E quando a gente morre, tem um número. E a certidão de óbito também.

Nós não somos ninguém? Protesto!

Aliás, é inútil o protesto. meu protesto também é número. Se no hospital você é um número e na emergência você morre porque não estava no seu número… o que seria um protesto?

Vamos ser gente, por favor. Nossa civilização está nos deixando secos como um número seco, como um osso branco seco exposto o sol.

Meu número íntimo é 8. Meu nascimento são mais alguns números. Sem somá-los e nem transformá-los em novecentos e oitenta e trá lá lá. Estou me classificando com um número? Não. a intimidade e a minha busca incesante pelo meu auto-conhecimento humano não deixa.

Mas vejam, tentei várias vezes na vida não ter número e não escapei. O que faz com que precisemos de muito respeito, compreensão, autonomia, nome próprio, genuidade. Vamos amar porque o amor não tem número. Ou tem?

Cada um é um, sem número. O si-mesmo é apenas o si-mesmo.

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