Entre os poucos políticos que estiveram presentes organicamente na 1ª Conferência Municipal GLBTTT de São Paulo, um deles foi Soninha Francine, vereadora e pré-candidata a prefeitura a cidade de São Paulo. A reportagem conversou com Soninha, pré-candidata a prefeitura da cidade. Na entrevista, falamos sobre a importância da Conferência Municipal, estadual e nacional, a relação dela com o legislativo e claro, sobre as eleições que estão chegando. Entre afirmações contundentes ela diz, “grande parte dos legisladores são cartas marcadas e tem o seu preço”. Sobre o segundo turno (caso perca no primeiro) ela diz que, “não teria sentido algum eu apoiar o Alckmim no segundo. Como poderia apoiar alguém que passei criticando durante todo o governo”. Confira.
Qual a importância das conferências municipais, estaduais e federal?
A realização das conferências é um marco histórico, pois se trata do poder público convocando, e daqui irá sair coisas muito boas. A dificuldade mesmo fica por parte do governo. Tome como exemplo as conferências do movimento negro, da juventude, produziram uma série de demandas e nada foi feito.
Por que há essa dificuldade de sair do papel?
Creio que de ambos os lados estamos aprendendo a lidar um com o outro. Assim: quanto mais a sociedade produzir e pressionar o legislativo, as coisas podem acontecer. Mas, se faz e não cobra, continuamos no mundo do desejo, você tem idéias ótimas, mas não pressiona pra que saia do papel, o movimento não se mobiliza, por que não tem jeito, tem que se organizar, ir pra rua e fazer pressão. E há também o outro lado da história, que é a formulação das propostas, a proposta segue para o parlamento, aí vem as alianças, e se não houver interesse não passa. Outra coisa também é que há um divórcio entre sociedade e legislativo.
Como você vê o movimento GLBT?
Creio que há um problema que não só afeta o movimento GLBT, mas sim a todos, por que o que acontece? Muitas vezes os movimentos se dividem, racham e até acabam, e enquanto isso a estrutura continua, ela é muito sólida. Mas a conferência serve pra mostrar que o movimento GLBT está unido e está cobrando.
Por que o PL que criminalizava a homofobia no município, que você, o Gianazzi e o netinho defendiam, não passou?
Bom, São Paulo em tese é menos conservadora. No caso específico desse projeto, o prefeito Kassab alegou algumas falhas técnicas para o seu veto. Ok, então nós sentamos, retiramos as tais falhas e reencaminhamos para o plenário, que agora aguarda novamente ser votado. E nós trabalhamos em outros projetos: assistência de saúde, garantir o luto ao companheiro. Mas aí fazer passar…
Você prefeita eleita, como seria a sua relação com bancadas mais conservadoras, por exemplo as tais bancadas evangélicas?
A relação é muito difícil, mas eu iria buscar o diálogo com eles, o que eu não quero é fazer troca, cargo sabe? E eu acredito que é possível, pois se não for, é melhor jogar a toalha e desistir. Mas tem coisas também, que é assim: quando há acordo entre líderes, muita coisa é aprovada e os caras nem sabem do que se trata, e é aí também que dá para aproveitar e colocar um projeto mais polêmico no meio, pois eles pensam que ta tudo acertado entre os líderes, eles aprovam sem ler o projeto de lei. Mas há exceções, e falo isso com sinceridade: as bancadas do PT, PSDB e PPS são as mais sérias, que no mínimo tem uma assessoria que faz um bom trabalho para os parlamentares, outras nem isso.
Vamos imaginar um cenário: segundo turno, você não passou. Quem você tende a apoiar?
Olha isso é difícil de falar agora, num primeiro momento eu diria que estou neutra…
Mas se você tivesse que escolher, qual seria?
Se eu tivesse que escolher… Apoiar o Alckmin seria muito difícil, pois como eu iria apoiar alguém que passei criticando o governo todo, ele não fez nada: saúde é um caos, a educação é uma vergonha, o metrô segue aos trancos e barrancos, todo dia tem um problema. Já a Marta, o grupo dela é que é difícil, é triste até, mas seria menos constrangedor apoiar a Marta, pois ela fez coisas lindíssimas em seu governo.