Nós enxergamos o mundo a partir das nossas experiências e baseado nisso acredito que paulistano não gosta de acordar cedo, ao contrário dos cariocas que vão correr na orla de Copacabana e Ipanema logo cedo, vão para o trabalho e saem cedinho, ainda com o sol a pino para curtir o pôr-do-sol no Arpoador. Sorte dos cariocas.
Nós paulistanos temos hábitos noturnos e por isso nove da manhã ainda é hora de destar na cama. Não que isso seja uma regra, eu mesmo acordo às 6h50 para ir pra aula, mas no geral gostamos de começar o dia lá pelas dez e alongar o experiente até oito, nove. Alias, sou partidário de horários trabalho alternativos ao padrão 8h/18h, já que muita coisa acontece depois deste horário.
Mas uma coisa que me incomoda bastante é a sindrome do "estou muito ocupado" que muitos paulistanos possuem. Dizer que não tem tempo acabou virando hábito por aqui e tenho amigos que dizem não ter tempo para postar no Twitter, mas enquanto falam isso, olhando para mim, fervem, enquanto poderiam digitar uma mensagem de 140 caracteres e manter contato com seu público, seus leitores.
Acredito que isso faça parte da cultura da pauliceia achar que estamos sempre ocupados, atrasados e com os prazos estourando. Até estamos, sempre. Atire a primeira pedra quem não tenha uma – ou várias – pendência na caixa de entrada do Outlook, mas até ai dizer que não tem tempo nem para dar um olá nas redes sociais eu acho exageiro, síndrome mesmo.
Conheço gente que programa inclusive auto-resposta no e-mail dizendo que possívelmente não terá tempo de ler a mensagem. Se não tem tempo de ler, que não tenha correio eletrônico, não é mesmo? Porém acredito que boa parte disso é fruto de um comportamento aprendido sem que tenhamos noção. Somos ensinados, pela mídia e pela sociedade, a sempre dizer que estamos ocupado, para assim dar a impressão que somos muito importantes.
Não me considero uma pessoa importante, longe disso, mas dentro do meu dia o tempo é algo que corre mais rápido do que eu gostaria que ele corresse. Como aquariano nato que sou, quero tudo pronto ontem, quero as ideias novas implementas no mesmo instante, mas isso é impossível, claro.
Mas acredito que não sofro desta síndrome, pois mesmo trabalhando, estudando, namorando e tendo uma vida social bem ativa, sempre tenho um tempinho para alimentar meu blog pessoal – onde recebo cerca de 30 mil visitas mensais -, postar uma coisinha no Twitter e beber uma cerveja com amigos, além do onipresente MSN.
Ter tempo para coisas que nos dão prazer é essencial para a manutenção da sanidade mental e digo isso por experiência própria, pois já tive situações onde não tinha tempo nem de me olhar no espelho e isso foi prejudicial. Ainda bem que mudou! Mas defendo a postura de que nunca somos tão ocupados quanto acreditamos ser.
E prova disto é este meu amigo, que diz nunca ter tempo de postar no Twitter, e passou o feriado de Tiradentes – com deliciosa emenda, sucumbindo a segunda-feira – deitado na cama, segundo seu namorido – eu amo neologismos. Como ele pode dizer que não tem tempo? Ele sofre, de fato, da síndrome do "sorry, very busy". Inclusive brinco diariamente com ele sobre isso.
Bee, vamos pro after!!!