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SP: Neonazistas detidos na rua Frei Caneca são liberados por ausência de vítima

Na noite da última sexta-feira (11), um grupo de 20 pessoas ligadas à gangue neonazista "OI" protagonizou cenas de vandalismo e terror nas ruas Peixoto Gomide e Frei Caneca, região dos Jardins da cidade de São Paulo, palco das últimas dez ocorrências homofóbicas que se têm notícia.

Por volta das 21h, o grupo, que tinha tatuagens e símbolos na roupa que indicavam a ideologia nazista, se concentrou na rua Peixoto Gomide e começaram a depredar fachada de lojas e bares. Alguns integrantes chegaram a pichar siglas e frases na parede do hotel La Guardia e a gritar em alto e bom som que ali tinha "carecas".

Minutos depois de realizarem pichações e depredações, o grupo começou a se concentrar na esquina de rua Frei Caneca com a Peixoto Gomide, neste momento identificaram uma vítima, um homem com uma camiseta que continha dizeres que reafirmavam a sua homossexualidade. Neste momento começaram a chamar o rapaz de "viadinho" e se espalharam, de maneira que todas as pessoas que se encontravam nas mesas do lado de fora dos bares ficaram cercadas.

No momento em que iam iniciar a agressão, um policial a paisana se apresentou e deteve alguns dos elementos. Segundos depois chegou a primeira viatura. Cinco integrantes do grupo foram detidos na hora, o restante fugiu. Quando os policiais estavam interrogando os detidos, um deles empurrou os policiais e fugiu, mas foi capturado na porta do shopping Frei Caneca.

Para que os detidos não fossem liberados na hora era necessário que fosse feito Boletim de Ocorrência (B.O). A reportagem que estava presente no local, acompanhada de mais duas pessoas, resolveu ir até a 78ª DP, localizada na região dos Jardins.

Na delegacia as testemunhas foram recebidas pele delegada de plantão, Dra. Juliana Rosa Gonçalves, que tomou o depoimento de todos. Entre os detidos havia um menor, D., 17 anos, que foi liberado com o auxílio de algum parente. Os outros detidos são: Danilo H., 30; Gledson S., 23; Raphael L., 26.

Todos declararam à polícia não fazer parte de nenhum grupo neonazista e que são integrantes do "Ocupa São Paulo" – movimento internacionalista que está acampado no Centro de São Paulo -, que voltavam de uma manifestação e estavam apenas de passagem pelo local. Também negaram todo o fato relatado acima.

Dos detidos, os únicos que irão responder por depredação do patrimônio e desacato a autoridade são Danilo e Gledson. Mas, por serem réus primários, foram liberados. Por conta do B.O serão chamados para audiência e um ofício foi expedido para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).

A Polícia Civil também explicou que, por não haver uma vítima direta, não tinha como manter os integrantes da gangue neonazista presos.

Em tempo: ativistas do grupo virtual Ato Anti Homofobia declararam que Danilo H., 30, um dos presos, não é neonazista e que faz parte do grupo Rash, skinheads anti-fascismo.

Mais informações e detalhes sobre o ocorrido você confere na quarta-feira (16) aqui no A Capa.

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