Pouco depois da meia-noite desta sexta-feira, dia 20 de abril, cinco viaturas lotadas de policiais civis entraram no Autorama, local de encontro de homossexuais no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, para uma operação contra o tráfico de drogas. Longe, porém, de apenas cumprirem seu dever, os policiais constrangeram e agrediram os que estavam ali se divertindo. “Foi horrível”, disse Rubens Carsoni, assessor parlamentar do deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP). “Fui chamado pelos comerciantes do Autorama de madrugada. Quando cheguei, um policial me avisou que, se entrasse, só poderia sair depois de uma hora e meia. Depois, quando me identifiquei como assessor parlamentar, passaram a me tratar bem”. Segundo os presentes, os policiais xingavam as pessoas de “viadinhos” e diziam que “gay tem de apanhar”. “Cinco policiais se juntaram para cantar uma música que dizia ‘vocês têm de dar o cu, bichas doadoras de cu'”, disse o enfermeiro Paulo Orlandi, que havia ido ao Autorama passear com uma amigo. “Falaram que iam dar tapa na cara das bichas até todas morrerem”. Bill da Pizza, um dos mais famosos comerciantes do local, indignou-se com a violência da operação. “Queremos a polícia aqui, mas para evitar a prostituição de menores de idade, o tráfico de drogas e garantir a segurança, não para agredir quem só veio se divertir. Se houvesse um trabalho preventivo, não seriam necessárias essas mega-operações panfletárias”. Investigação Rubens e Giannazi preparam nesta sexta-feira um relatório sobre o ocorrido. “Vamos usar todos os instrumentos que temos para investigar o caso e pedir a punição dos responsáveis”, afirmou o deputado para o A Capa. “Nossa idéia é fazer um boletim de ocorrência coletivo com o maior número de pessoas. Vamos exigir que seja feita uma sindicância e levar o caso para o governador. Vou tratar disso na tribuna da Alesp [Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo] na tarde de hoje”. Cássio Rodrigo, da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, cancelou todos os seus compromissos desta sexta-feira para se dedicar ao caso. “Gostaria que todos que estavam presentes procurassem a Cads.” O A Capa procurou a Secretaria de Segurança Pública para comentar o ocorrido, mas não obteve resposta.
