Cantor fala sobre sexualidade na fé, arte sacra e sua batalha com Guillain-Barré em entrevista reveladora
O cantor e compositor Sufjan Stevens, conhecido por sua sensibilidade artística e espiritualidade única, soltou uma declaração que está mexendo com o imaginário de muitas pessoas, especialmente na comunidade LGBTQIA+. Em uma conversa sincera, ele afirmou que “a Bíblia é muito gay” e falou sobre a forte presença da sensualidade e da intimidade na fé cristã.
Uma leitura queer da Bíblia
Segundo Sufjan, a Bíblia reflete uma história predominantemente masculina — “Jesus era solteiro, nunca casou; os discípulos eram todos homens” — e isso, para ele, é um reflexo do patriarcado que se perpetuou ao longo dos séculos. Mas mais do que isso, ele aponta para a riqueza erótica e sensual do texto e da arte religiosa que o acompanha. “A Bíblia é muito sexual. É erótica. Olhe para a arte católica ao longo dos tempos, especialmente a barroca — é toda cheia de corpos nus, muito carnal e sensual”, destacou.
Essa visão oferece um olhar diferente sobre a espiritualidade, uma conexão íntima e física com o divino, que para Stevens é vivida, por exemplo, nos sacramentos: “Você literalmente come a carne e bebe o sangue de Deus na Eucaristia. Não tem experiência mais erótica do que essa. Se você for um vampiro, é o ápice da sensualidade”.
Uma fé que abraça a identidade
Para a comunidade LGBTQIA+, que muitas vezes enfrenta rejeição no âmbito religioso, as palavras de Stevens trazem um respiro: a possibilidade de ver na Bíblia não só uma narrativa patriarcal rígida, mas também uma fonte de erotismo e proximidade com o sagrado que pode ressoar com outras formas de ser e amar.
Sufjan reforça que sua relação com Deus é profundamente pessoal e sensual, ressaltando que a espiritualidade pode ser um espaço de acolhimento para diversas expressões de afeto e desejo. Essa perspectiva ajuda a desmistificar o tabu sobre corpo, sexo e espiritualidade, celebrando a pluralidade e a beleza do sagrado em suas múltiplas formas.
Batalha contra a Guillain-Barré e esperança no futuro
Além da reflexão sobre sua fé, Stevens compartilhou uma atualização sobre sua saúde. Diagnosticado em 2023 com a síndrome de Guillain-Barré, ele revelou estar em processo de recuperação e adaptação: “Estou bem, na maior parte, no modo normal, tentando sobreviver e me reparar”.
Por conta da condição, ele não está em condições de fazer turnês ou shows, mas mantém o otimismo: “Estou começando a ver a luz, sentindo uma direção para algo significativo e substancial. Tenho focado no momento presente, na serenidade, aceitação, dever e responsabilidade”.
Essa jornada de cura e autoconhecimento, somada à sua visão revolucionária sobre fé e sexualidade, fazem de Sufjan Stevens uma voz inspiradora para quem busca integrar espiritualidade e identidade LGBTQIA+ de forma autêntica e poderosa.