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Suplicy quer que plebiscito decida se Parada Gay continua na av. Paulista

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou ofício (nº 01244/2009) no dia 20 de julho ao prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). Na carta, após receber um e-mail com argumentos homofóbicos, o parlamentar pede ao gestor da capital paulista que faça um plebiscito para que os cidadãos paulistanos decidam se a Parada do Orgulho LGBT deve, ou não, continuar na avenida Paulista.

Um cidadão encaminhou e-mail ao parlamentar pedindo que este tomasse providências para que se retirasse a Parada Gay de São Paulo da Avenida Paulilsta. Entre os argumentos, o eleitor dizia ao senador que pôde reparar vários "homossexuais se agarrando pelas ruas e que crianças pequenas presenciavam tais cenas de imoralidade". Prossegue e afirma que o "natural é pai e mãe".

Muito incomodado, o autor do e-mail também alega que havia muitos rapazes quase sem roupas. "Corpos de gays seminus, uma apelação absurda ao visual de nossas crianças e a nosso eleitor paulistano e trabalhador", clamou o sujeito. No final de sua mensagem, a pessoa diz que todo mundo tem direitos, mas também tem "deveres" e pede para Suplicy que encaminhe as providências possíveis ao responsável.

No referido ofício o senador cumprimenta o prefeito e pede que coloque na "consulta popular a decisão de se manter a realização da Parada do Orguho Gay na Avenida Paulista". O parlamentar justifica o seu pedido baseando-se no e-mail do Sr. Rodrigo Bartelochi, onde este afirma "ter constatado inúmeros automóveis depedrados, excessos nas comemorações e estímulo ao consumo de álcool" e que a Parada "causou constrangimento aos cidadãos que trabalham na Avenida Paulista e arredores".

Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, disse que, ao ler o ofício entendeu que o senador endossou o e-mail do cidadão. "A partir do momento que ele diz que entrega nas mãos do prefeito para que tome as decisões, só posso entender que ele concorda com o teor do e-mail", afirmou.

Franco Reinaudo, da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), disse que ele e sua equipe acreditam na democracia e até entendem que há pessoas com posicionamentos contrários à realização da manifestação. Mas, disse Franco, em um momento onde há "toda essa carga de investida contra a Parada, um plebiscito traria um resultado negativo e nós acreditamos que as minorias devem ser protegidas."

A reportagem do site A Capa tentou conversar com o senador Eduardo Suplicy, no final da tarde de hoje. No entanto, sua assessoria avisou que o parlamentar está em viagem.

Parada gay de São Paulo se manifesta
Em nota oficial encaminhada a redação do A Capa, a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT) afirma que a manifestação é pelos direitos da população gay e “nada tema ver com drogas, bebedeira, crimes ou roubos”. Diz também que aqueles que fazem isso vão "contra o sentido da parada” e “são as únicas responsáveis por seus atos”.

A respeito do ato do Senador Suplicy em sugerir um plebiscito sobre a parada ser ou não realizada na Paulista, a Associação acredita que o senador contribuiria mais se “defendesse o direito dos LGBT junto a esse senhor (que escreveu o e-mail homofóbico que originou o pedido do plebiscito) e se exigisse das autoridades paulistas a segurança e as condições adequadas de manifestação para que essa população não continue vítima de violência na cidade de São Paulo”.

Confira a seguir a íntegra da nota oficial da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo:

MANIFESTAÇÃO DA APOGLBT SOBRE SOLICITAÇÃO DO SENADOR EDUARDO SUPLICY

A Parada é uma manifestação de LGBT por seus direitos, e nada tem a ver com drogas, bebedeira, crimes ou roubos. Pessoas que fizerem isto estarão indo contra o sentido da Parada, são as únicas responsáveis por seus atos, e precisam responder por eles. Qualquer atitude criminosa é problema da polícia e não da organização da Parada, que não tem poder de policiamento, e luta, justamente, contra a violência que sofremos cotidianamente.

Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais não abrem mão de exercer seu direito constitucional de manifestação contra o preconceito e exigem proteção social adequada. A APOGLBT não abre mão de se manifestar na Avenida Paulista, local onde protesta e celebra seu orgulho, há treze anos.

A carta do senhor Rodrigo Bartelochi é uma demonstração explícita do preconceito contra o qual lutamos e que deveria ser atacada por senadores da República. Desde quando, a expressão de carinho, como qualquer outra, pode ser considerada um excesso digno de repressão? Da mesma forma, então existe superioridade ou privilégio no modelo de família que ele defende?

Sim, é nossa, do movimento LGBT, a responsabilidade pelas manifestações homoafetivas, e vamos continuar a enfrentar grupos ou instituições em defesa disso. É para isso que vamos à Avenida Paulista e lutamos pela mudança das leis.

O senador Suplicy é querido da população LGBT pela contribuição que tem dado ao se manifestar abertamente, com a indignação que lhe é peculiar, pela aprovação do PLC 122/2006, que criminaliza a homofobia e encontra-se tramitando no Senado.

Mais contribuiria o senador, agora, se defendesse o direito dos LGBT junto a esse senhor, e se exigisse das autoridades paulistas a segurança e as condições adequadas de manifestação para que essa população não continue sendo vítima de violência na cidade de São Paulo.
Não se plebiscita direitos humanos fundamentais!

Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT)

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