Reflexões sobre as atitudes de Tatá Werneck em contraste com Leo Lins diante do preconceito.
Recentemente, a condenação do humorista Leo Lins a oito anos e três meses de prisão por piadas ofensivas ressoou nas redes sociais, trazendo à tona um debate crucial sobre a responsabilidade dos comediantes em relação ao seu público. No show “Perturbador”, realizado em 2022, Lins fez piadas que desrespeitaram diversas minorias, chegando a ironizar questões gravíssimas, como a pedofilia.
Em meio a essa controvérsia, uma lembrança importante surgiu: a postura de Tatá Werneck, que em 2020, após cometer uma piada transfóbica em seu programa “Lady Night”, decidiu tomar uma atitude transformadora. Alertada pela artista Linn da Quebrada sobre a ofensa, Tatá não apenas pediu desculpas publicamente, mas também contratou uma consultora travesti para evitar que erros semelhantes se repetissem.
O Compromisso de Tatá com a Inclusão
A consultoria foi realizada por Ana Flor, uma pedagoga e ativista que, com sua experiência, ajuda a garantir que o conteúdo do programa seja respeitoso e inclusivo. Tatá compartilhou sua experiência, destacando a importância de reconhecer quando se erra e a responsabilidade que vem com a comédia. “Tem uma coisa que é assim: todo mundo erra. Mas, cara, tem coisas que não são erros, são crimes. A comunidade LGBTQIA+ é a que mais morre. Quando eu sou transfóbica, eu estou falando de pessoas que, até 30 anos, a maioria são assassinadas. Eu estou sendo uma criminosa de verdade”, afirmou.
Esse tipo de consciência é fundamental para a construção de um humor que não perpetue preconceitos, mas que, ao contrário, sirva como uma ferramenta de empoderamento e inclusão. “Feliz em fazer parte desse processo, Tatá Werneck. Durante muito tempo, o humor foi compreendido como um lugar repleto de violências. Entender a importância de romper com essa visão é fundamental”, comentou Ana Flor, ressaltando a relevância do trabalho feito em conjunto.
Mudanças na Comédia: Uma Nova Era?
Com a consultoria, Tatá passou a rever os roteiros do programa antes de irem ao ar. “Ela vê os episódios do ‘Lady Night’ antes e diz: ‘Tatá, isso aqui não dá’. E aí fica uma hora me explicando. Tem coisas que jamais imaginei que poderiam ser ofensivas. E não quero mais errar. Quero que divirta, mas não que seja essa parada descompromissada com tudo, essa coisa de ‘Ah, isso aqui é humor'”, explicou em uma entrevista.
Essa mudança de postura não apenas reforça a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre o que é realmente engraçado, mas também abre espaço para que as vozes marginalizadas sejam ouvidas e respeitadas. Ao invés de perpetuar estigmas, a comédia pode ser um espaço de celebração da diversidade e da inclusão.
Enquanto Leo Lins representa uma visão ultrapassada e prejudicial do humor, Tatá Werneck mostra que é possível evoluir e aprender com os erros, contribuindo para um ambiente mais seguro e acolhedor para todos. A comédia, ao invés de ser uma arma de ataque, pode se tornar um meio de construção de pontes e empatia.
Com essas reflexões, fica claro que o futuro do humor deve ser construído sobre a base do respeito e da responsabilidade, onde todos possam rir juntos, sem medo de ofender ou diminuir o outro. A mudança começa com a conscientização e a disposição para aprender e crescer.