Apesar de promessas de restrição, temporada de 2025-26 apresenta produções com homens vestidos de mulher, gerando debate sobre representatividade
Enquanto alguns líderes políticos prometem restringir a presença de performances de drag voltadas ao público infantil, o Kennedy Center, principal centro cultural de Washington, D.C., anuncia uma temporada 2025-26 repleta de espetáculos que celebram a diversidade de gênero e a expressão artística de homens em drag.
Shows que celebram a cultura drag na próxima temporada
A temporada contempla clássicos e sucessos como “Chicago”, “Moulin Rouge! The Musical”, “Mrs. Doubtfire” e “Spamalot”. Dentre eles, destaca-se a produção de “Chicago”, que é a peça mais longa em cartaz na história da Broadway. Curiosamente, uma das personagens mais icônicas, Mary Sunshine, tradicionalmente interpretada por um homem em drag, terá novos intérpretes com diferentes identidades de gênero, que poderão ser de qualquer idade, etnia ou orientação.
O musical “Moulin Rouge! The Musical” também inclui um personagem drag chamado “Baby Doll”, interpretado por um artista trans drag. Da mesma forma, “Mrs. Doubtfire” apresenta um personagem masculino vestido de mulher, com uma abordagem voltada ao humor e à narrativa sobre paternidade e convivência familiar. Esses exemplos reforçam o compromisso do teatro em promover a diversidade e a inclusão, mesmo diante de promessas políticas de restrição.
Reações e controvérsias
Apesar do entusiasmo de apoiadores, a presença de shows com homens em drag tem gerado debates acalorados. Críticos afirmam que algumas apresentações podem expor crianças a conteúdos considerados inadequados, especialmente quando envolvem performances sensuais ou de teor sexual. No passado, eventos semelhantes tiveram suas licenças revogadas na Flórida, após denúncias de atividades consideradas explícitas em shows infantis.
Por outro lado, defensores argumentam que a cultura drag é uma forma legítima de expressão artística e uma ferramenta importante na luta por direitos e visibilidade LGBTQIA+. A temporada do Kennedy Center, ao incluir peças com homens vestidos de mulher, reforça essa visão de que a arte deve refletir a complexidade e diversidade da sociedade.
Política e cultura: o impacto das promessas e promotores
Após a eleição do ex-presidente Donald Trump como presidente do Kennedy Center, ele anunciou a substituição de membros do conselho e prometeu uma gestão que refletisse uma “nova era” na cultura americana, afastada de performances de drag que considera inadequadas para crianças. Ainda assim, a programação de 2025-26 mostra uma continuidade no apoio às performances que celebram a expressão de gênero, incluindo personagens drag em produções renomadas.
Esse contraste entre discurso político e ações culturais evidencia o debate mais amplo sobre liberdade artística versus proteção infantil. O teatro, enquanto espaço de reflexão e expressão, continua sendo palco de tensões entre diferentes visões de sociedade.
Independentemente das controvérsias, a temporada do Kennedy Center reafirma o papel do teatro na promoção da diversidade, do respeito às diferentes identidades de gênero e na busca por uma sociedade mais inclusiva. Enquanto políticos prometem limites, a arte segue como uma forma poderosa de desafiar preconceitos e ampliar o diálogo sobre o que significa ser verdadeiro consigo mesmo.
O público LGBTQIA+ e aliados podem esperar uma programação que valoriza a liberdade de expressão, mesmo em tempos de debates acalorados e mudanças políticas. A diversidade de personagens e histórias na próxima temporada reforça o compromisso do teatro com uma sociedade mais plural e acolhedora.
