Foi-se o tempo que Israel era destino turístico religioso. Tel Aviv tem recebido um número cada vez maior de visitantes LGBT: sol, mar, gente bonita, vida noturna agitada e uma cena gay pulsante seduzem turistas de todo o mundo. No verão, a cidade ferve. O ápice é em junho, mês do Orgulho Gay, quando um verdadeiro desfile de corpos bronzeados passeia pela tayelet (calçadão, em hebraico).
E tem para todos os gostos: malhados, twinks, ursos e todas as outras tribos gays se reúnem em Hilton Beach, a predileta dos LGBT. Extremamente livre, Tel Aviv é um caldeirão de diversidade. Além de turistas, ela acolhe homossexuais de toda Israel e do Oriente Médio, incluindo aí árabes e palestinos. Aliás, a fama de libertária já se espalhou por toda a comunidade judaica internacional e judeus gays de todo o mundo estão fazendo aliá (imigração para Israel) com o intuito de morar em Tel Aviv e viver livremente a sua homossexualidade, sem perder a identidade judaica.
Tel Aviv é pequena, plana e segura. A melhor maneira de explorar cada cantinho é a pé ou de bicicleta (você pode alugar uma bike nos 150 quiosques espalhados na cidade). Durante o dia, vá conhecer o Namal Tel Aviv (porto) e escolha um restaurante para almoçar, tomar um sorvete, dar uma olhada nas lojas ou simplesmente contemplar a vista.
Cansou da paisagem beira-mar? A dica é ir para o centro (merkaz ha’ir). Lá, visite o Dizengoff Center e confira as grifes usadas pelas bees locais (não deixe Tel Aviv sem comprar uma regatinha da Castro). Se não dispensa academia nem nas férias, você pode se inscrever na Holme’s Place, academia dentro do shopping com frequência quase 100% gay e ponto de pegação.
Se você viu o filme israelense The Bubble, já deve ter ouvido sobre a Sheinkin Street. Sexta-feira à tarde é um dos melhores dias para passear por lá. A pedida é sentar num café/restaurante, o mais famoso é o Orna ve’Ella (foto ao lado), e ficar observando o vai e vem das pessoas.
Do hype para o popular é um pulo. É que da Sheinkin basta atravessar a Alenby e estamos no Shuk ha’Carmel, um mercadão a céu aberto que vende de tudo. O lugar é ótimo para comprar lembrancinhas de viagem, como artigos judaicos, camisetas, narguile e iguarias do Oriente Médio.
Ainda no centro, vá até o Gan Meir (Jardim Meir), onde funciona o Merkaz ha’gay (centro gay) que é visita obrigatória. A socialização é intensa, especialmente no térreo, onde funciona o Café Landver. Aproveite para pegar as revistas gays locais "Ha’ir be varod" (A cidade em cor de rosa) e Ba’yad (Na mão), a primeira revista pornô gay em hebraico, lançada recentemente.
Não deixe também de conferir a arquitetura Bauhaus na Rothschild (e redondezas) e de reservar um dia para conhecer Yafo (ou Jaffa), cidade ao lado de Tel Aviv com 3 mil anos de história e que está mencionada na Bíblia. A arquitetura é remanescente dos tempos do Império Otomano, com casas de pedra e ruas estreitas. Aqui há muitos árabes, evite dar pinta e vá conhecer o Shuk ha’peshpishim (mercado de pulgas) e a Torre do Relógio.
E, claro, uma vez em Israel reserve um dia para conhecer Jerusalém, que está aproximadamente a uma hora de distância de Tel Aviv.
PEGAÇÃO, HOMENS E NOITE
Se lugares históricos e culturais não são bem a sua prioridade, Tel Aviv oferece outro tipo de "atrativo": os homens. A pegação acontece 24h por dia! Abaixo, um guia rápido de onde ferver à noite.
Evita (Rua Yavne, 31): Um clássico de Tel Aviv, ótima opção para fazer um esquenta. As noites principais são Eurovision Sundays, dedicada aos ritmos do concurso musical europeu, e é "Chasake", quando ritmos israelenses dominam o lugar. A pipoca que é servida como acompanhamento dos drinques também é marca da casa.
Laika (Rua Nachalat Binyamin, 29): Bar dos modernos e descolados. Muito frequentado pelo pessoal da redação do Ha’aretz, um dos principais jornais de Israel, e também pela turma do cinema e das artes. Aberto diariamente.
Ha’oman 17 (Rua Abarbanel, 88): Localizado mais ao sul de Tel Aviv, no bairro Florentine, é o típico clube grande de padrão internacional. Barbies, susies e descamisados em geral compõe a fauna local.
Beef (Rua Ben Yehuda, 32): É a festa mais fetichista de Tel Aviv. Ursos, carecas e outros tipos cheios de virilidade encontram-se por lá.
Pag@Zizi (Rua Karlibach, 7): Fashionistas, o pessoal da TV, das artes e do cinema: a descolândia de Tel Aviv bate cartão na PAG. O bafo todo rola no Zizi, clube que funciona no subterrâneo de uma galeria comercial.
Arisa@Post Club (Rua Yehuda ha’Levi, 46): Arisa é uma das mais novas festas de Tel Aviv e a primeira dedicada aos mizrachim (os nascidos, criados e com ascendência do Oriente Médio, e aqueles judeus criados juntos com os árabes). Os vídeos de divulgação, estrelados por Uriel Yekutiel e Eliad Cohen, já fizeram a Arisa ficar conhecida internacionalmente. Procure no YouTube pelo canal LePaonFou e confira.
The Notorious G.A.Y @Lima Lima (Rua Lilinblum, 42): A festa já é bem tradicional, ganhou fama com hip hop para meninos que gostam de meninos, mas na verdade escutam-se todos os ritmos na pista. A pegação rola solta na ampla área externa do clube.
Boyling@Chic Beach (Herbert Samuel, 1, Praia do Surfista): É um bar a céu aberto na beira da praia. Só funciona durante o verão, quando turistas de todas as partes do mundo baixam em peso para conferir as "belezas naturais" de Tel Aviv.
Big Boys@Moadon ha’Teatron (Clube Teatro)- Sderot (Avenida) Yerushalaim, 10, Yafo: Festa dedicada aos homens mais velhos e seus admiradores. A música é pop, incluindo aí hits israelenses atuais e das antigas, indo de Dana International até Ofra Haza.
Sauna Paradise: É a sauna mais famosa de Tel Aviv. Funciona todos os dias, mas o "bicho" pega mesmo de sexta a domingo, quando fica aberta 24h. Leve suas sandálias do hotel.
ONDE FICAR: À beira mar estão os hotéis de padrão internacional. No centro, uma boa opção é o Hotel Cinema. Na linha intimista, o Eden House Tel Aviv é uma das melhores opções da cidade. Os proprietários são um casal gay de imigrantes russos que tratam cada hóspede como se fosse um amigo.
QUANDO IR: de abril a outubro.
ONDE COMER: Israel é um país novo (63 anos) formado por judeus imigrantes vindos de cerca de 130 países. E Tel Aviv é uma cidade turística. Então, o que não faltam são bons restaurantes que oferecem especialidades culinárias de todas as partes do mundo. Durante sua visita, você não pode deixar o país sem antes comer humus no Abu Dahbi (Rua King George, 81) e falafel no ha’kosem (rua Shlomo ha’melech, 1), que tem fama de ser o melhor falafel de Tel Aviv.
QUEM LEVA: EL AL, a companhia aérea nacional, a única que oferece vôo direto SP-Tel Aviv com cerca de 15h de duração.
Pôr do Sol em Hilton Beach, a predileta dos LGBT
*Matéria originalmente publicada na edição nº46 da revista A Capa – Junho de 2011