Ela prende um rabo de cavalo na parte de trás do seu shortinho. Ele usa jeans básico, regatinha branca e touca tipo funkeiro. É assim que eles sobrm ao palco, seja num inferninho em Campinas ou em um museu na Alemanha. Ah, sim! Eles são Eliete Mejorado e Bruno Verner, o Tetine. Ou “pequena teta”, em italiano. Quando está no palco, Eliete se vê como uma escultura, representando uma espécie inexistente que se confunde com o terceiro sexo. É uma forma de brincar com a identidade de gêneros, uma piração que rola em vários trabalhos da dupla. Também é comum encontrar os dois com figurinos trocados: Bruno de Eliete e Eliete com bigodinho e roupas masculinas. Quer coisa mais gay que isso? Se ainda existem dúvidas, a dupla revela: “O Tetine é super gay”. E é gay porque nasce assim, e não porque se preocupa em ser gay. E se fosse um ser humano, seria ‘a’ e não ‘o’ Tetine, como explica Eliete: “Se Tetine fosse humana, seria uma menina que se jogaria no Infernal em Campinas, às vezes iria para o Vegas e passaria bastante pelo Glória, mas com certeza ela freqüentaria o dark-room d’A Loca.” Prestes à relançar o CD “L.I.C.K. My Favela”, desta vez pelo selo alemão Soul Jazz, um dos mais conceituados no mundo, a dupla está bastante eufórica. “Quando o Bruno me ligou contando que a Soul tinha nos convidado para lançar o CD, dei um grito tão alto no meio da rua, em Londres, que a mulher do meu lado se assustou, achando que tivesse acontecido alguma coisa comigo”, conta Eliete. O “L.I.C.K. My Favela”, lançado independentemente em 2006 com apenas 500 cópias numeradas, é um trabalho bastante conceitual, resultado de uma mistura de rock, funk e música eletrônica. A funkeira Deise Tigrona participa da faixa “I go to the doctor”. Outro destaque é “Pelada no Flamengo”, cantada sobre a base de “London Calling”, do Sex Pistols. Funk, Nelson Rodrigues e Bar das Putas Pouca gente sabe, mas o Tetine mudou-se para Londres no ano 2000 para ajudar um grupo de estudantes da Mary Queen University a montar um espetáculo baseado em textos de Nelson Rodrigues. Nove meses depois, eles foram convidados para fazer o programa Slum Dunk, na rádio Ressonance FM, e foram ficando por lá. Do Brasil, eles têm saudades de comer de madrugada no Sujinho, o Bar das Putas, em São Paulo, às quatro da manhã Depois da temporada de shows no Brasil no início deste ano, a Tetine voltou para Londres, onde reside. *Texto extraído da edição 01 da revista A Capa