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Thammy quer ser chamado no masculino, mas mídia insiste na transfobia

Thammy Miranda revelou ser um homem transexual. E, na mais recente entrevista que deu a Jô Soares, reafirmou que gosta de ser tratado com artigos e pronomes masculinos, apesar de relevar quem ainda não se acostumou com as mudanças.

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Mas, ao abordar exatamente este assunto, a mídia brasileira continua demonstrando ser transfóbica e tratando o filhO de Gretchen como "elA", "filha" e "mulher".

A matéria do jornal Extra, e com chamada na Globo.com, é um exemplo: "Thammy diz que gosta de ser chamadA no masculino", diz o título.

Outros exemplos não faltam: a revista Caras o identifica como "filha de Gretchen", Sônia Abrão referiu-se a ele como mulher no programa de quarta-feira (22) e o site Ego continua tratando no feminino e ainda objetificando a operação que fez para a retirada das mamas.

Se você faz parte deste grupo que "não consegue" reconhecer que Thammy é homem ou tratá-lo no masculino, sinto-lhe dizer que você está tendo uma atitude transfóbica e muito provavelmente você é uma pessoa transfóbica. A transfobia consiste em não reconhecer a identidade de gênero da pessoa trans, ter preconceito pela sua existência e desrespeitá-la verbalmente ou fisicamente.

Dizer que Thammy não é homem porque nasceu com vagina é transfobia. Tratar um homem trans no feminino é transfobia. Tratar o assunto como piada é transfobia. Considerar Thammy homem, mas achar que é menos homem que Lucas Lucco, por exemplo, porque ele tem um pênis, também é transfobia.

Dizer que não consegue mudar a maneira de tratar porque o nome não mudou ou porque está acostumando com a identidade anterior é uma desculpa esfarrapada para esconder o preconceito. O fato de Thammy ser uma pessoa pública não dá direito de as pessoas desrespeitarem a sua identidade. Ao contrário, é um símbolo ampliado de como ocorre o mesmo desrespeito na esfera dos anônimos. 

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A regra é simples: tratem as pessoas de acordo com a sua identidade de gênero. Ou seja, tratem homems – sejam eles cis ou trans – no masculino. E tratem as mulheres transexuais e travestis no feminino. Se errar, peça desculpas e se policie para não errar de novo. Se ficar em dúvida, pergunte para a pessoa como ela ou ele gostaria de ser tratada ou tratado.

Bobagem? A luta pelos direitos civis desta população, que carece de estudo, oportunidades no mercado de trabalho e tem dificuldades até de ir ao banheiro, começa pelo mais básico dos direitos: o reconhecimento da identidade. 

Thammy pode até não se importar tanto com tudo isso, mas ele representa os homens trans no âmbito nacional. Homens que passam pelo mesmo constrangimento no cotidiano, o de não ser reconhecido como verdadeiramente são. Pense nisso.

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