Contratada pela empresa Everis para trabalhar como especialista em gerenciamento de relacionamento com clientes, nas instalações da Tim, em Santo André, região metropolitana de São Paulo, Ana Alice Agostinho Ribeiro da Costa, de 31 anos, alega ter sido desligada da empresa depois de assumir sua transexualidade e solicitar o uso de seu nome social no crachá de funcionária e no e-mail. À época da contratação, Ana Alice se apresentou com sua identidade masculina, Arnaldo César, e só depois de um mês ela resolveu assumir sua real orientação de gênero. Segundo conta, foi quando começaram a surgir os problemas, até chegar a demissão de fato. “Quando resolvi assumir, conversei com o RH da TIM. Eles me pediram duas semanas para viabilizar o necessário. Nesse tempo, conversaram com os gerentes, para que não houvesse qualquer desrespeito, já que teria um homem que viria com roupas de mulher. Eles usaram esses termos”, conta. De acordo com Ana Alice, a relação com os outros funcionários sempre foi bastante respeitosa, embora a dificuldade em se dirigir à ela pelo nome feminino tenha representado diversos problemas e desgastes psicológicos. “Teve um dia que fiquei ajudando uma colaboradora da empresa e, no fim do atendimento, tínhamos de mandar um resumo do que foi feito. No dia seguinte, ela sentou ao meu lado e pediu ajuda para identificar quem era o Arnaldo César, que tinha enviado o e-mail. Sai da sala e fiquei 15 minutos no banheiro chorando. Para mim, foi o auge”. Além de Ana Alice, uma outra funcionária trans da TIM, que preferiu não ter a identidade divulgada, também foi demitida na mesma época. Juntas, as duas iniciaram uma batalha interna na empresa para reivindicar direitos sociais como os já citados, além do uso do banheiro feminino. Como justifica para a demissão, a empresa alegou que Ana Alice não se adequava às funções. Motivo esse rechaçado pela funcionária que afirma trabalhar na área há 7 sete, sem jamais ter tido qualquer feedback negativo. Ao UOL, a Tim, afirmou que tem “respeito à diversidade e que tem um acordo coletivo de trabalho, que prevê medidas como uso do nome em crachás, mudanças de e-mails e banheiro unissex”. Já a subsidiária Everis, afirma que “a empresa tinha conhecimento da transexualidade da funcionária e que ela foi desligada por questões de performance, não preconceito”. Ana Alice afirma que não pensa em processar a empresa, embora acredite que isso seria o correto a fazer.