Esqueça Barack Obama e John McCain. Se depender de Tina C. os Estados Unidos nunca mais serão os mesmos. É o que promete esta cantora de trash-country que se transformou numa arma ácida e cruel para recriminar a onipotência norte-americana.
Há duas semanas, Tina C. lançou sua candidatura fictícia à Casa Branca. Seu criador é o comediante e ator inglês Christopher Green, que estréia seu show “Tick My Box” no famoso Festival Fringe em Edinburgo, na Escócia, agora em agosto.
Premiado mundialmente, Green, casado com o animador Ben Harmer, já se apresentou como Tina C. em prestigiadas casas de shows, como o Royal Albert Hall, em Londres, e o Sydney Opera House, na Austrália. Para a emissora “Radio 4” gravou duas aclamadas séries, e já prepara mais uma, com previsão de ir ao ar ainda este ano.
Em entrevista ao Dykerama.com, Christopher, ou melhor Tina, fala sobre sua campanha à presidência dos Estados Unidos e enumera mil e um motivos que a faz merecedora do cargo mais cobiçado do mundo. Suas respostas sarcásticas não podem ser levadas muito a sério. Como diz seu criador, Tina é simplesmente uma máscara, que o permite criticar os americanos, seu poder e influência, coisas bem mais reais do que sua improvável personagem.
Dykerama.com – Como surgiu Tina C.?
Eu chequei e acho que foi de uma maneira bem natural. Difícil de acreditar que uma celebridade poderia ser jogada ao mundo assim de forma tão mundana. Droga. Eu vim ao mundo por baixo e o único caminho é para cima!
Dykerama.com – Por que você quer concorrer à Casa Branca?
Eu quero fazer a diferença e o fato de eu ser uma celebridade é uma ferramenta poderosa.
Dykerama.com – Sua candidatura não pode ser interpretada como uma piada?
Olha, minha candidatura é oficial, tenho mais de 35 anos (apenas) e sou nascida nos EUA. Se pessoas inteligentes, de sucesso, pensam que mulheres criativas fazem alguma coisa assim para “tirar um barato”, eu mostrarei a minha preocupação. Esta é uma candidatura séria. Leia meus lábios. Vote Tina C.
Dykerama.com – Quais serão as suas propostas se você vencer as eleições?
Toda a minha campanha será incorporada ao slogan KAK (Kick Assed Kindness, algo como “bondade de pé-na-bunda”, em tradução livre). E não KKK (Klu Klux Klan). Isso significa ser duro para ajudar. Fazer o fraco se parecer com o forte. Eu estou aqui para dizer que se eu consegui vocês também podem. É importante ajudar o fraco, mas não patrociná-los. Então não os ajude, apenas os inspire a ganhar dinheiro.
Dykerama.com – O que você acha do presidente Bush? Você se considera republicana ou democrata?
Já me enchi o saco dos democratas e republicanos. Minha tendência é de direita e eu quero o fim do sistema bipartidário.
Dykerama.com – No Brasil, há alguns candidatos assumidos. Como é nos EUA e na Grã-Bretanha?
Em nível local, deve haver alguns políticos homossexuais, mas nacionalmente pensamos que é melhor deixar tudo em sigilo. Isso vem funcionando há anos. E não vai mudar.
Dykerama.com – Os homossexuais apóiam sua campanha? Os héteros vão votar em Tina C.?
Eu dedico grande parte do meu tempo aos gays e lésbicas. E eu vou te falar o porquê. Porque eles compram muitos CDs. Eles realmente compram. Mas meu apelo é “multiplataforma”. Qualquer pessoa pode votar em Tina C.
Dykerama.com – Você acha que os EUA se tornarão um país mais tolerante se você vencer as eleições?
Bom, eu gosto de sacudir as coisas como uma puta no banco de trás de uma limusine numa estrada esburacada…
Dykerama.com – Quais são as coisas boas que você pode trazer ao mundo da política?
Equilíbrio, elegância e, o mais importante, a habilidade para cantar a mais ponderosa canção que já foi feita. Alguns versos de “Nenhum pênis é mais duro do que minha vida” [sucesso na voz de Tina C.] e todos vão voltar a amar a América novamente.
Dykerama.com – Alguma outra coisa que você gostaria de dizer?
Ei, brasileiros, avisem suas famílias e amigos que provavelmente estão empregados como “trabalhadores do sexo” aqui nos EUA para votar em Tina C.! Eu amo vocês!
:: Para saber mais sobre Tina C. acesse www.tinac.net.
* Tradução de Daniela Coelho e Leonardo Guerchmann