Gimnasta chileno compartilha sua trajetória de autodescoberta e luta contra a homofobia no esporte
Tomás González, reconhecido como o melhor gimnasta da história do Chile, se tornou um símbolo de coragem ao assumir publicamente sua orientação sexual. Em um relato sincero, o atleta olímpico abriu seu coração e falou sobre os desafios de ser um homem LGBTQ+ em um país e em um ambiente esportivo ainda marcados pelo conservadorismo e pela discriminação.
Um país em transição, um esporte tradicional
Apesar dos avanços sociais nos últimos anos, Tomás destaca que o Chile ainda caminha lentamente rumo à inclusão. “No Chile, o progresso chegou mais tarde que em outros países, até mesmo na América Latina. Nossa sociedade mantém valores muito tradicionais, e as grandes corporações que dominam a economia são bastante conservadoras. Isso torna tudo mais difícil”, comenta.
Essa realidade é ainda mais evidente no mundo do esporte, onde a homofobia velada e o tradicionalismo podem sufocar a liberdade de expressão e a autenticidade. Tomás confessa que, mesmo sendo um atleta de alto nível, o medo da rejeição o manteve fechado por muito tempo. “No esporte, se não há homofobia aberta, existe um ambiente muito tradicional. Não foi fácil sair do armário”, revela.
Superando o medo e encontrando apoio
Um dos pilares fundamentais para que Tomás pudesse viver sua verdade foi o apoio incondicional da família e das pessoas próximas. No entanto, a decisão de tornar pública sua orientação sexual veio acompanhada de receios profundos. “Sempre mantive essa porta fechada porque sabia que, se assumisse, deixaria de ser visto apenas como um finalista olímpico para me tornaria ‘o atleta gay’. Eu havia me esforçado demais para isso e não queria que a atenção se desviasse para minha vida pessoal”, lembra.
Escrever para se libertar e inspirar
O processo de autoconhecimento e aceitação ganhou força quando Tomás decidiu escrever seu livro Campeón: Lecciones, triunfos y caídas de un gimnasta olímpico. A obra foi um marco em sua vida, permitindo que ele enxergasse o poder da visibilidade LGBTQ+. “Percebi que minha orientação sexual não define meu valor. É possível ter sucesso, prosperar e ocupar seu espaço na sociedade”, afirma com convicção.
Um novo ciclo e o retorno às competições
Agora, com a liberdade de ser quem é, Tomás está pronto para voltar às competições. Ele sente que essa fase representa sua maturidade e autenticidade plena. “Esse retorno acontece porque sou eu mesmo, cem por cento. Estar no armário me afetava mais do que imaginava. Hoje, me sinto mais lúcido, centrado e maduro. Sei quem sou e o que quero”, conclui, inspirando toda a comunidade LGBTQIA+ e amantes do esporte a abraçarem sua verdade.
A trajetória de Tomás González é um exemplo de que, mesmo em ambientes difíceis, a coragem e a autenticidade podem transformar vidas e abrir caminhos para novas gerações de atletas LGBTQ+ no Chile e no mundo.