Por volta das 20h30 desta terça-feira (26/01) foi realizada em Curitiba a eleição da nova diretoria executiva da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT), a qual reelegeu Toni Reis como seu presidente.
A eleição que se deu durante a Pré-conferência da ILGA – LAC (Encontro Internacional de Gays e Lésbicas – América Latina e Caribe, em português) e ocorreu sem controvérsias, elegeu, além de seu presidente, os outros cargos da executiva para o triênio 2010 – 2013. São eles: Vice-presidente lésbica, Yone Lindgreen; Secretária Geral, Irina Bacci; Vice-presidente trans, Keila Simpson e, para a Secretaria de Direitos Humanos, Tatiana Araújo.
Na entrevista que você confere a seguir, Toni Reis, presidente reeleito, assume com muita franqueza que a questão do legislativo é uma pauta que deve ser fortalecida. Porém, acredita que a sua gestão abriu novas portas para o movimento gay nacional.
A respeito das eleições presidenciais, Toni acredita que todos os pré-candidatos não representam um retrocesso a vista, mas com ressalvas a candidata Marina Silva (PV), pois, esta contém fortes ligações com setores religiosos. Confira a seguir a entrevista
O que esperar do seu novo mandato?
Nós temos muitas coisas para fazer. Com o primeiro mandato acredito que nós abrimos muitas portas. Mas nós precisamos de uma lei aprovada, e a ABGLT está esperando por isso; nós precisamos que o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronuncie sobre nossos direitos e que o Plano Nacional para Políticas Públicas saia do papel. Se essas duas coisas acontecerem, eu entrego o próximo mandato, pois não posso mais me candidatar, de alma lavada.
O que você não conseguiu realizar na sua primeira gestão e gostaria de fazer agora?
A questão do legislativo. Nós acreditamos que seria fácil a aprovação do PLC 122 (projeto de lei que criminaliza a homofobia em todo território brasileiro) e infelizmente nós não conseguimos. Nós nos mobilizamos, mas não tínhamos força para enfrentar o fundamentalismo religioso.
Você disse que o atual governo "tem as portas abertas". Acredita que, caso o próximo governo eleito seja de outra linha, esse dialogo possa mudar?
Enquanto movimento social nós temos que ser pluripartidários. Eu sou totalmente contra partidarizar o movimento. Temos que ter todas as nuances partidárias: desde a extrema esquerda a direita que não seja nazista. Temos que ter limite de concessão.
Vocês pensam em chamar os candidatos a presidência da republica a assinarem compromissos LGBT publicamente?
Com certeza. Isso já foi discutido na diretoria anterior e iremos mandar cartas a todos presidenciáveis para que assinem cartas de compromissos; vamos incentivar que LGBTs se candidatem… Nós precisamos sair do noticiário polícia para entrar na política. Mas não basta ser LGBT e se candidatar, a pessoa tem que ter conteúdo e histórico.
Com os pré-candidatos a presidência da república que nós temos, você acredita que existe algum risco de retrocesso nas questões gays?
Pelos perfis, eu acho que nós estamos bem. Na candidata Dilma vejo aquela que se aproxima mais dos ideais do presidente Lula e no governo dele nós tivemos realmente as portas escancaradas para a questão LGBT, portanto vejo a Dilma como ótima candidata para nós; vejo, pelas posturas que o governador José Serra (PSDB-SP) teve em seus discursos na parada – que eu presenciei – e pelas posições dele, com certeza é uma pessoa que vai respeitar os nossos direitos; a Marina Silva (PV-AC) nunca se posicionou favorável, mas nunca se posicionou contra e ela tem uma tradição de esquerda que é de apoiar. A grande questão é que ela tem um cunho religioso, então, esse diálogo (direitos gays) pode ser difícil.