A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou na manhã de hoje à reportagem do site A Capa que o ‘Manual de Atenção à Saúde do Adolescente’ "passa nesse momento por revisão completa para nova edição". A cartilha traz o polêmico artigo da Dra. Ligia de Fátima Nóbrega Reato, no qual é dito que o menino passivo no troca-troca tende a ser gay. O caso veio à tona nesta semana quando entidades de defesa aos gays, como o Forum Paulista LGBT e a Associação da Parada GBLT de São Paulo, chamaram atenção para o material.
Em comunidado, a Secretaria afirma que a revisão do material contará "com o apoio da CADS (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual) e do Conselho de Atenção à Diversidade Sexual". O órgão ressalta que "assim que pronta, a nova versão estará a disposição no site da secretaria de Saúde".
Procurada pela reportagem do site A Capa, a Dra. Ligia Reato, autora do artigo em questão, disse que no momento está afastada e fora de São Paulo por motivos pessoais. A respeito do artigo, disse não ter como responder as questões enviadas pelo repórter, pois "não tenho como acessar o meu material". No entanto, a doutora e pediatra ressaltou que o "capítulo do livro irá ser revisado".
Material polêmico
Editado em 2006, mas até então pouco conhecido, o ‘Manual de atenção a Saúde dos Adolescente’ foi recém descoberto por ativistas que, ao lerem o material, ficaram perplexos com o artigo "Desenvolvimento da sexualidade", escrito pela pediatra Ligia Reato. O que causou indignação foi a afirmação de que o adolescente que fizer o papel de passivo em jogos sexuais na juventude, conhecidos como troca-troca, tende a ser gay.
"Um dos jogos sexuais praticados pelos meninos é o vulgarmente conhecido como "troca-troca" que, quando descoberto pelos adultos, costuma gerar dúvidas e preocupações quanto a uma possível identificação homossexual na vida adulta… entre os participantes ou quando, por pressão do grupo ou por vontade própria, o jovem passa a ser sempre o passivo; a permanência nessa passividade pode tornar o púbere um homossexual", afirma o texto da cartilha.
As organizações Grupo de Pais de filhos Homossexuais (GPH), Associação da Parada orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), Fórum Paulista LGBT, Rede de Comunicadores GLS, E- Jovem e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) de fizeram ofício pedindo à Secretaria Municipal de Saúde que recolhesse o material e o revisasse. Parece que o pedido surtiu efeito.