Peça semi-autobiográfica da companhia Dibby Theatre traz um olhar intenso sobre relações LGBTQIA+ e resistência
Toxic é uma peça que pulsa com a força da experiência queer, trazendo à cena uma narrativa semi-autobiográfica que questiona as opressões, as dores e os laços que unem pessoas LGBTQIA+. Produzida pela premiada companhia nacional Dibby Theatre, a montagem escrita por Nathaniel J Hall, que também estrela ao lado de Josh-Susan Enright, lança um olhar sincero e intenso sobre a trajetória de um relacionamento dentro da comunidade LGBTQIA+.
Um mergulho na complexidade das relações queer
Em pouco mais de 80 minutos, a peça acompanha o surgimento da faísca entre dois personagens, sua evolução, desgaste e a difícil reconstrução após o fim. Toxic não apenas revela a intimidade desses encontros, mas também abre espaço para discutir questões urgentes: o impacto da homofobia, o estigma, o racismo e as normas de gênero tóxicas que ainda atravessam nossas vidas.
Nathaniel e Josh-Susan, apresentados respectivamente como “O Dramaturgo” e “O Intérprete”, conduzem o público por essa jornada com uma honestidade visceral. A dramaturgia se apoia em uma trilha sonora original explosiva, criada por SHAR, que amplifica a energia e a emoção da narrativa.
Uma experiência imersiva e provocativa
A ambientação em espaço íntimo aproxima o espectador do núcleo da história, intensificando o impacto das cenas e das projeções digitais que ilustram as interações contemporâneas. O design de Lu Herbert, aliado à iluminação e projeções de dede ././ e Tracey Gibbs, cria uma atmosfera envolvente que dialoga diretamente com o ritmo acelerado da peça.
O uso de microfones portáteis pelos atores reforça momentos de intensidade e conexão, fazendo com que o público sinta cada palavra e cada silêncio carregados de significado.
Entre humor e dor, a força da representatividade
Inspirada em fatos reais, Toxic não se esquiva dos temas pesados, incluindo abuso emocional, racismo e linguagem homofóbica. No entanto, o texto equilibra esses momentos com pitadas de humor afiado que oferecem respiro e profundidade à narrativa. É um convite para refletir sobre as feridas e a resiliência da comunidade LGBTQIA+ de forma crua, mas também cheia de humanidade.
Embora a densidade dos temas e o formato ágil possam dificultar uma conexão emocional total para alguns espectadores, a peça se destaca pela sinceridade e potencial transformador, oferecendo um espaço para conversas necessárias e urgentes.
Agenda e recomendações
Toxic está em turnê pelo Reino Unido até 9 de maio de 2025, levando seu impacto para diferentes palcos. Se você busca uma experiência teatral que desafia o status quo e celebra a complexidade das relações queer, esta é uma obra que merece ser vista e sentida.
Com coragem e sensibilidade, Toxic reafirma a importância da arte como ferramenta de resistência e visibilidade para a comunidade LGBTQIA+.