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Trabalho de estudantes de jornalismo aborda homofobia com relatos emocionantes de gays e lésbicas

“Nós não descriminamos ninguém. O indivíduo, na verdade, ele foi criada por Deus…ele tem que ser considerado onde quer que ele esteja. A igreja aceita uma pessoa freqüentar a igreja… Como diz a própria Bíblia: ‘Vem como está’. Agora ele não pode permanecer como ele está. Pra ele ser integrado, admitido como membro da igreja ele precisa de uma libertação. Ele precisa de uma transformação. Porque, na verdade, Jesus pode transformar a vida de uma pessoa. Tendo em vista que o homossexualismo nós cremos que ele tem em si, junto a ele uma influência espiritual não procedente de Deus. E ele pode ser liberto desse mal, ele pode ser transformado e se transformar numa vida livre. Nós cremos que estamos sob uma lei maior que rege a nossa vida, que é a Bíblia. E a Bíblia mostra que quando Deus formou a raça humana ele não formou dois seres do mesmo sexo. A Bíblia diz em Gêniesis 1.27 que Deus formou macho e fêmea… Pra perpetuar a raça humana, pra dar continuidade à raça humana à multiplicação da raça humana dependendo de um relacionamento de um homem e de uma mulher. Não de dois homens nem de duas mulheres. O apóstolo Paulo escreveu os Romanos capítulo 1.26, 27 que nós temos referências bíblicas aí que o relacionamento homossexual é contrário à natureza criada por Deus. E isso traz, inclusive, a ira de Deus sobre as pessoas que praticam esses atos. Nós temos provas na Bíblia que a destruição de Sodoma e Gomorra, cidades antigas que foram destruídas por fogo e enxofre derramado do céu… Um dos grandes e principais pecados praticados nas cidades de Sodoma e Gomorra foi o homossexualismo. E Deus se irou contra essa cidade. Então na verdade nós não discriminamos nenhum homossexual. Eles são pessoa que precisam realmente de nossa ajuda, da nossa oração e de uma libertação pra que eles possam praticar aquilo que é realmente determinado por Deus”

O extenso discurso transcrito acima até parece fala de alguém de uma igreja da idade média, porém foi dado pelo pastor Fernando dal Ponte – Assembléia de Deus de Santa Terezinha de Itaipu, no semestre passado para um documentário produzido por um grupo de alunas estudantes de jornalismo da União Dinâmica de Faculdades Cataratas – UDC – em Foz do Iguaçu, Paraná. Luciana Marschall, Lisiê Farias, Mariana Serafini e Sammela Lugo são as responsáveis pelo curta-documentário Homofobia, realizado para uma aula de Filosofia.

A atividade era fazer um documentário de 3 minutos sobre qualquer tema, na ocasião as quatro estudantes estavam no 2º período e não haviam tido qualquer aula sobre produções de vídeos. O tema surgiu quando o professor sugeriu a atividade, Lisiê pensou no tema, mas não quis monopolizar para não deixar o trabalho muito a sua cara. Uma das meninas propôs o tema e o grupo aceitou a idéia. Entre as dificuldades para realizar o projeto, Lisiê contou que foi marcar entrevistas. “Algumas pessoas que eu pensei que adorariam participar, ficaram com medo da câmera, ou não queriam se expor”. “Achar gente pra assumir a homofobia foi muito difícil também. Fomos à igreja católica e ninguém quis falar. Quer dizer, até falaram, mas não quiseram gravar entrevista”.

Lisiê declarou ter aprendido muitas coisas com o projeto, tanto no sentido pessoal como no profissional. Profissionalmente, botar a mão na massa e editar o vídeo foi algo que ela adorou e ajudou a perceber que ela gosta do curso que faz, no sentido pessoal, confirmou o que ela já sabia sobre preconceito, mas que agora sabe que pode fazer alguma coisa para mudar um pouco as coisas nesse sentido. O vídeo mostra diversos depoimentos de gays, lésbicas e bissexuais, sobre como são suas relações com familiares, com amigos, de como foi sair do armário, emprego, entre outras coisas. Outra curiosidade muito importante é que o grupo ouviu também alguns garotos heterossexuais sobre o que eles acham sobre preconceito, homofobia e homossexuais. Os depoimentos podem não ser politicamente corretos, mas são bem sinceros pelo menos.

A trilha sonora é outro fator que contribui bastante na edição do vídeo. Na maior parte do vídeo as músicas são de bandas alternativas do underground, feministas e/ou que tem letras que falam abertamente sobre questões de homossexualidade. Entre as bandas estão Cansei de Ser Sexy, Dominatrix, Dance of Days, Bulimia, Fabulous Disasters, Tatu e Legião Urbana. O vídeo foi exibido no pátio da faculdade na hora do intervalo e as meninas falam que nunca viram o pátio tão cheio, enquanto era exibido algum vídeo. Uma aluna amiga do grupo chegou a fazer uma matéria sobre a exibição mas parece que a matéria não será publicada no jornal da faculdade porque “trata-se de um tema pesado para um jornal universitário” segundo alegou uma professora que as meninas preferiram não identificar. Por fim, depois de muita conversa, muitas edições e reedições e algumas pessoas dizendo que não queriam mais aparecer pois “não faziam mais essas coisas”, as meninas disponibilizaram o vídeo na internet que pode ser conferido neste link

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