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Trabalho de formandos em jornalismo mostra destalhes desconhecidos da vida de travestis e transexuais

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Aline Cebalos, Felipe André, Fernanda Charlois, Ingrid Costa e Vanessa Vianna se formaram em jornalismo pela universidade Metodista de São Paulo no final de 2006. Até aí, nenhuma novidade. Milhares de pessoas se formam em jornalismo todos os anos, mas dificilmente passam com 10 pela tradicional banca nas academias. Mais raro de encontrar ainda é um trabalho de conclusão de curso sobre a vida das travestis de São Paulo. O TCC do quinteto recebeu o nome de “Sou Travesti. O diário de uma transformação”. Trata-se de um retrato fiel do estilo de vida de muitas travestis e transexuais. A idéia de fazer o trabalho com este tema foi sugerida por Felipe, que trabalhou como voluntário na APOGLBT – Associação da Parada do Orgulho GLBT – de São Paulo, coordenando um grupo de jovens gays. Felipe percebeu quais eram as discussões que aconteciam entre os gays acerca da homossexualidade e pensou em como levar essas discussões “para fora das paredes da associação”. Além disso, Felipe notou também que não há muitos estudos a respeito do assunto, a professora orientadora do projeto concordou e aceitou o tema. A partir daí “foi um ano de muito trabalho e muitas reuniões”. O grupo passou o ano de 2006 se reunindo com travestis e transexuais conhecidas da noite GLS de São Paulo, e com outras nem tão conhecidas assim. Claudia Wonder, Rogéria, Ioiô Vieira de Carvalho, Ivana Spears, Michelly Summer, Cristiane Jordão, Mariana Munhoz e Greta Star. O resultado disso é um trabalho emocionante, “são 11 histórias de pessoas que tentam mais que qualquer um ser feliz” revela Felipe. O grupo pode mesmo ser considerado pioneiro nesses estudos. No princípio do projeto, as famílias das estudantes ficaram apreensivas, mas no final o projeto ajudou a diminuir o preconceito dos parentes. Na sala de aula a história não foi muito diferente, alguns alunos da mesma turma do Felipe disseram que o grupo estava entrando numa enrascada ao trabalhar com este tema. “Outros alunos acharam que o trabalho iria virar purpurina, e o nosso grupo fez questão de mostrar que eles estavam errados”, afirma Felipe. E completa: “No vídeo que fizemos para o dia da apresentação, ele começava com ‘I will survive’ e no meio da música o som se distorcia e mostrava a realidade das travestis, delas se prostituindo e sendo agredidas, mostrava para eles a realidade”. Dentre as coisas que aprenderam durante a realização do trabalho, Felipe revela que “foi aprender a dar valor nas pequenas coisas; a gente reclama de tanta coisa e não vemos que no fundo estamos bem”. Nas próximas semanas o grupo deve se reunir, para alterar alguns detalhes do trabalho e até fevereiro pretendem mandar o TCC para alguns editores e tentar lançar o trabalho como livro. Resta saber se alguma editora vai se interessar pelo assunto. O trabalho tem um estilo de livro-reportagem, misturando relatos e entrevistas. Há momentos engraçados e outros de cortar o coração. “A história da Ioiô para mim é a mais engraçada, ela conta a história de seu acidente rindo, não tem como não dar risada também”. Ioiô trabalha fazendo faxina para Silvetty Montilla e aqui na redação do A Capa. Uma vez o ônibus em que ela estava capotou e ela quebrou o nariz. Detalhe: Ioiô voltava para casa e aproveitou que o ônibus estava vazio para fazer sexo oral em seu namorado. Para Felipe, a história mais emocionante é a de Greta Star, “foi a que demorou mais tempo e era também uma das mais bonitas. Chegamos a ficar um dia todo em sua casa fazendo as entrevistas e ouvindo suas histórias”. “Este trabalho não era só para passar de ano, nós queríamos fazer algo que nos ajudasses a passar de ano, mas que ajudasse também outras pessoas”, finaliza.

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