O programa “Amor & Sexo” dessa última quinta (4) trouxe Alexandre Borges no quadro “Vai ter que Rebolar”. O ator se colocou no lugar de uma transexual e de um casal de gays, respondeu como agiria em cada situação proposta pelo quadro.
Foi aí que os travestis entraram na pauta. Estavam presentes representantes de diversas religiões, entre eles o padre Juarez de Castro. "Por que a gente tem que identificar o travesti com a prostituição?", perguntou o padre em meio à discussão. "Pela dificuldade que eles têm de arrumar emprego…", respondeu a apresentadora Fernanda Lima. "Mas há muitos travestis que não se prostituem", afirmou o padre. "Existem, mas é uma minoria que consegue", disse Fernanda.
Para exemplificar melhor a história, a apresentadora chamou ao palco Bárbara Aires, que trabalha na produção do programa. “Eu sou uma transexual pré-operação, ainda não fiz a redesignação sexual por motivos pessoais", declarou Bárbara.
A produtora do “Amor & Sexo” disse que discordava do padre Juarez e contou que tentou durante muito tempo arranjar um emprego antes de se prostituir e não foi aceita em nenhum. Em seguida, o ator Otaviano Costa perguntou se ela estava contente com o que ganhava trabalhando na Globo. "Eu hoje estou ganhando um quinto do que eu ganhava como profissional do sexo. Mas sei que isso é só um começo", confessou a transex.
Já o jornalista Xico Sá quis saber se a relação entre ela e a família mudou depois que ela foi trabalhar na televisão. "Não mudou. Meu pai não fala comigo… se perguntam de mim ele fala que eu morri. Tem pessoas da família que falam, outras que não falam. O que muda a tua aceitação no núcleo familiar é a tua sexualidade", respondeu Bárbara.
Ela disse ainda que tem dificuldades para arrumar um namorado, mesmo tendo mudado de profissão. "Eu sou meio romântica demais. Eu achava que o maior complicador para que eu não tivesse um parceiro fosse o fato de eu viver no mercado do sexo. Mas agora, eu tô trabalhando aqui (na Rede Globo), tenho carteira assinada e posso ter orgulho do que faço (antes eu sempre mentia quando perguntavam) – mas isso não mudou, continua a mesma coisa".
Bárbara acha que só num futuro distante a sociedade estará preparada para encarar o tema. “Eu acho que eu não vou ver isso enquanto jovem…mas espero que, pelo menos na minha velhice, eu consiga ver a sociedade aceitando a realidade que eu vivo hoje, havendo uma integração familiar…sem as dificuldades todas, sem precisar passar por todos os percalços que eu passei”.