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Travesti de 18 anos é agredida, baleada e morre agonizando na rua; dois PMs são presos

Laura Vermont, de 18 anos, é mais uma vítima da transfobia que mata travestis, mulheres transexuais e homens trans no Brasil. Ela foi assassinada na madrugada de sábado (20), depois de ser vista caminhando desesperada, ensanguentada e agonizando pela avenida Nordestina, em São Paulo. Dois policiais militares foram presos.

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De acordo com o Instituto Médico Legal, Laura estava com lesões no rosto, tronco e nas pernas, e com a marca de um disparo em seu braço esquerdo.

Os PMs Ailton de Jesus, de 43 anos, e Diego Clemente Mendes, de 22, do 39º Batalhão na zona leste de São Paulo, foram presos por suspeita da participação na morte da vítima e por mentirem para a Polícia Civil sobre um tiro que eles deram em Laura. Eles foram presos em flagrante por falso testemunho e fraude processual, e serão investigados por homicídio.

Na primeira versão, eles disseram que foram chamados pelo 190 porque havia uma travesti agredida na rua. Eles tentaram socorrê-la, mas Laura assumiu o volante da viatura da PM, partiu em alta velocidade e bateu contra o muro de um condomínio. Ela teria saído da viatura, caminhado pela avenida e foi atingida na cabeça por um ônibus, que não parou. Laura teria ainda batido a cabeça no chão e contra um poste, e foi levada para o pronto-socorro do Hospital Municipal Professor Waldomiro de Paula. Os PMs chegaram a levar uma "testemunha" de 19 anos para comprovar.

Mas várias falhas no depoimento levaram o 63º Distrito Policial (Vila Jacuí) a desconfiar. Primeiro, a família de Laura foi a responsável por levá-la ao hospital e afirmou que ela não sabia dirigir. Depois, desconfiaram quando a testemunha frisou várias vezes que não escutou barulho de tiros. A suspeita ficou maior quando a Polícia Civil passou por locais com manchas de sangue onde os policiais em questão não citaram. Descobriu-se então que um dos PMs havia atirado contra ela e que a chutou após descer do carro da polícia já batido.

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O PM Ailton declarou que atirou em Laura "porque ela havia resistido e porque os meios menos letais mostraram-se ineficazes para vencer a resistência e a iminência de injusta agressão". Ele declarou não ter contato a verdade por "ter receio de se prejudicar e sofrer represálias da lei". O PM Mendes e a testemunha de 19 anos justificaram o relato mentiroso, dizendo que foram "instruídos por Ailton a não relatar a verdade". Os dois militares estão no Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de SP).

Laura havia saído na noite de sexta-feira (19) para participar de uma festa ao lado de amigos. Na madrugada de sábado, por volta das 4h, ela foi vista ensanguentada caminhando pelas ruas. Laura chegou a pedir ajuda para um homem que gravou os momentos, mas não prestou socorro. Há alguns meses, ela já havia sido agredida na rua e reclamou em áudio que não denunciava as agressões porque a polícia debochava dela.

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