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Travestis de Santo André acusam PMs por agressão

Um grupo de travestis que dormiam na Avenida Industrial em Santo André na madrugada dos dias 3, 5 e 7 de janeiro foram agredidas violentamente com socos, chutes, coronhadas, pancadas com vigas de ferro. As vítimas, alegam que os autores dos crimes foram seis policias militares fardados.

O grupo que vive em uma fábrica abandonada, em frente a um condomínio de luxo e hotéis de alto padrão, diz que também foi ameaçado de morte, e tiveram suas precárias moradias queimadas e destruídas.

Entre as travesitis agredidas, duas possuem HIV e necessitam do coquetel anti-HIV e de vacinas para a coagulação do sangue para sobreviver. As vitimas afirmam que os agressores teriam destruído seringas hipodérmicas e jogado fora os remédios.

“Moro na última casa, lá no fundo, que foi totalmente destruída. Arrombaram a janela e eu pedia a Deus que não fizessem nada comigo. Tenho Aids, estou muito debilitada. Colocaram o revolver na minha boca e disseram que eu ia morrer de qualquer jeito. Então eles começaram a jogar fora todo o meu medicamento. Não sei como irei sobreviver agora”, lamentou a travesti Miane de acordo com relato publicado no site da Ong ABCDS – Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual, que atua no ABC e região.

As travestis afirmam que a violência foi gratuita, segundo as vítimas não havia justificativa para as agressões. O cachorro de estimação de um casal de travestis também foi agredido. Os policiais queirmaram o animal.

Jully, uma travesti foi jogada do segundo andar de um pequeno sobrado. “Eles mandaram eu descer correndo, estava muito assustada. Não dava para ver nada, quando um dos policiais me deu um empurrão e gritou ‘voa bicha’. Estou com muito medo, não quero morrer”, declarou.

Na fábrica onde moram as travestis vivem também casais, idosos, jovens e mulheres desempregados e sem condições. Na noite do dia 7 de janeiro, testemunhas relatam que um dos policiais disparou um tiro que  teria acertado uma mesa de vidro. Estilhaços cortaram a perna de uma gestante.

“Eles bateram em todo mundo e nem dava tempo pra gente pensar. Estou grávida e com a perna cheia de estilhaços de vidro. Fiquei com medo de perder minha criança, mesmo sem saber de quantos meses estou grávida, tenho muito carinho pelo meu bebê”, afirmou Patrícia de Sousa, moradora.

No dia 08/01, uma reunião foi convocada em caráter de emergência, na Câmara de Santo André, pelo presidente da ABCDS, Marcelo Gil. “A intenção era chamar a atenção dos vereadores para essa situação calamitosa, mas nenhum deles compareceu. Chamei pessoalmente o vereador Marcos Medeiros (PSDB), que é da Comissão de Segurança da Câmara, e também a parlamentar Maria de Souza, a Loló (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, mas eles nem deram as caras”, declarou enfatizou Marcelo.

O comando do 10º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano instaurou procedimento interno para apuração dos fatos após o recebimento formal da denúncia, mas ainda não identificou nenhum policial militar envolvido nos acontecimentos.

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