Trinta anos se passaram desde o que é considerado o primeiro femicídio mediático no interior da Argentina, o caso de Mónica Parolini, uma jovem de 14 anos que desapareceu em 5 de agosto de 1994 em San Francisco, Córdoba. Mónica saiu de casa para entregar uma fita de Ricky Martin a uma amiga e nunca mais voltou. Após dias de busca, seu corpo foi encontrado em um canal rural na periferia da cidade. A investigação inicial direcionou-se para a hipótese de fuga devido a problemas familiares, mas a pressão social levou a polícia a aprofundar as investigações.
O caso ganhou notoriedade quando a tia de Mónica, Valeria Ferreyra, depôs afirmando que a jovem havia sido sequestrada durante uma festa, onde teria ocorrido abuso e assassinato por um grupo de homens. Em novembro de 1995, quatro homens foram condenados: Julio e Cristian Ruiz, Alejandro D’Angelo e José Pacheco. Apesar das condenações, muitos detalhes do caso permanecem obscuros, gerando dúvidas sobre a veracidade das declarações de Valeria, que, anos depois, alegou ter sido forçada a testemunhar falsamente.
Recentemente, uma nova investigação emergiu, revelando inconsistências e novos elementos que questionam a resolução do caso. A minissérie documental ‘Un enigma llamado Valeria’ estreia no dia 22 de dezembro de 2024, e promete explorar profundamente as complexidades do caso, as versões conflitantes dos envolvidos e o impacto duradouro que a tragédia teve na comunidade de San Francisco. A série busca dar voz a quem foi silenciado e iluminar um dos casos mais emblemáticos da história criminal da Argentina, que ainda ressoa na luta por justiça e igualdade de gênero, especialmente no contexto da comunidade LGBT, que frequentemente enfrenta violência e discriminação. Essa narrativa é uma oportunidade para refletir sobre a importância de ouvir e apoiar as vozes marginalizadas e a necessidade de um sistema de justiça que realmente proteja todos os cidadãos, independentemente de seu gênero ou orientação sexual.