Natalia Frigo é diretora da Deludy Tours, agência paulistana especializada em turismo para gays e lésbicas.
Nesta entrevista exclusiva ao Dykerama, Natalia comenta sobre o futuro do turismo GLS no Brasil, que, segundo ela, ainda é “pouco desenvolvido” se comparado a países como Estados Unidos e Espanha. Confira:
Hoje, quais são os principais destinos para lésbicas no mundo?
Não acredito que existam destinos para lésbicas e destinos para héteros e, sim, que isso varia muito dependendo do gosto de cada mulher. Podemos, entretanto, numerar os mais procurados. Na Deludy Tours temos muita procura para Salvador, Recife, e muitas meninas que vêm de outras cidades para São Paulo. Fora do Brasil, temos mais procura por Barcelona e Buenos Aires.
No Brasil, qual é a preferência do público homossexual feminino?
No Brasil especificamente, fora os destinos já citados acima, temos muita procura por lugares mais românticos, como Monte Verde, Gramado e Búzios. São destinos onde elas se sentem à vontade e podem curtir vários passeios e ter momentos especiais com suas parceiras.
Em sua agência, já deu para notar o que as lésbicas procuram numa viagem?
A maioria das meninas que procuram a agência buscam viagens junto com suas parceiras, acho que por isso é muito grande a busca por destinos onde elas possam ficar mais tranquilas, aproveitando a companhia e os atrativos do lugar sem muito tumulto e badalação. Elas gostam de destinos onde possam aproveitar bastante o dia e curtir uma noite bem gostosa e com muito charme.
Nos Estados Unidos, as lésbicas parecem seguir um padrão de comportamento no que se refere a viagens de turismo. E aqui no Brasil? Existe algum padrão?
Não gosto de criar estereótipos, pois cada ser humano é diferente do outro, principalmente em relação aos seus gostos e atitudes. Considerando que o turismo GLS ainda está começando a se desenvolver no Brasil, fica ainda mais difícil descrever um padrão de comportamento entre as meninas. Posso falar do padrão que é mais procurado na Deludy Tours – já citado acima, mas é muito cedo para dizer que as lésbicas no Brasil seguem um padrão de comportamento.
A Olivia, empresa de cruzeiros para lésbicas, oferecerá pela primeira vez em fevereiro um cruzeiro pelo Amazonas. O que você acha da iniciativa? Ela pode se tornar mais constante no país?
A iniciativa do cruzeiro que está acontecendo é muito bacana e válida, porém, mais para as mulheres de fora do Brasil curtirem. Os valores não eram muito acessíveis ao público, dificultando a comercialização. Mas quem sabe isso possa ser um chute inicial para futuras iniciativas brasileiras dentro do padrão local.
O que há de mais desafiador em investir no público GLS?
No Brasil o turismo GLS ainda está muito pouco desenvolvido. O trade turístico não está completamente preparado para receber o público e isso sem dúvida é um desafio muito grande. A falta de fornecedores especializados dificulta o nosso trabalho, então é preciso travar uma luta diária para atender esse público da forma que eles merecem e com o padrão que a Deludy Tours oferece – considerando inclusive o preconceito que, infelizmente, ainda existe por aqui.
Quem é turista GLS no Brasil? O que ele procura?
Devido ao histórico de preconceito em nosso país, infelizmente não são todos os homossexuais que assumem claramente sua orientação sexual, isso faz que os mesmos também não procurem serviços exclusivos para o público GLS, tornando ainda mais difícil a identificação desses turistas. No geral, o turista GLS é aquele que está muito bem resolvido com sua sexualidade e assim busca serviços voltados para ele e que supram suas necessidades mais especificas.
Na sua opinião, qual é o futuro do turismo para gays e lésbicas no país e no mundo?
O turismo GLS em países como Estados Unidos e Espanha, por exemplo, já está muito à frente do que no Brasil. Acredito que esse mercado vai crescer muito mais mundialmente e o Brasil precisará se aperfeiçoar para conseguir seguir esse ritmo.
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