Uma notícia me chamou a atenção esta semana. Um casal gay de Nova York, junto há 20 anos, cuida de uma pequena boneca, chamada carinhosamente de Digby, como se fosse seu filho.
Mark Kirby e A.J. Sapolnick (foto acima) compraram a boneca – que eles afirmam ser do sexo masculino – em um brechó de Paris. Desde então, os três permanecem inseparáveis. "Nossa intenção era criar uma família", disse Kirby em entrevista. "Digby nunca foi guardado numa mala porque nossa intenção nunca foi tratá-lo como um brinquedo."
Pode parecer estranho, mas entendo a necessidade do casal de encarar o pequeno ser inanimado como parte da família. Acredito que há, independente da orientação sexual, a vontade latente de muitos homossexuais de adotar ou até mesmo gerar uma criança. O fato é que as leis de alguns países – inclusive de determinados estados dos EUA – impedem que casais gays possam ter filhos.
Cuidar de uma criança, vê-la crescer e ser alguém na vida, é uma dádiva. Não consigo entender como esse direito ainda possa ser negado aos homossexuais. Reconhecer que casais do mesmo sexo têm esse desejo não é apenas uma obrigação, mas uma necessidade. Quantas mães heterossexuais rejeitam seus próprios filhos, relegando-os ao esquecimento e até mesmo à morte?
Por não serem oficialmente reconhecidos, muitos gays veem na família uma forma de se sentirem aceitos. É preciso rever e aceitar a diversidade da família para que muitas crianças possam, no futuro, ter o direito de simplesmente existirem.