Em um país onde LGBTs ainda sofrem tanto preconceito, uma transexual vem chamando atenção por ganhar cada vez mais espaço em rede nacional.
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Quem assiste ao TV Fama, da RedeTV, já deve ter reparado na simpatia de Lisa Gomes, atualmente a única repórter travesti no ar diariamente na TV aberta.
Lisa é um dos destaques da atração, comandando matérias divertidas e polêmicas. Ela revela que tem uma inspiração: Nany People, uma das trans com maior visibilidade da mídia brasileira, que fez parte durante anos do Programa Hebe e atualmente faz algumas aparições no programa Xuxa Meneguel, da Record.
Natural de Recife, a jornalista mora em São Paulo há 11 anos. Começou fazendo reportagens em 2007 para um canal do Youtube direcionado ao público gay, o Arrasa Bi. Em 2013 entrou na RedeTV para integrar o quadro de web repórteres da emissora. No setor, fazia matérias para o vespertino A Tarde é Sua e para o próprio TV Fama. “Lembro como se fosse hoje quando a minha primeira matéria foi ao ar no programa da Sônia Abrão e meus amigos todos me ligando falando que tinham me visto na TV”.
Pelo jeito espontâneo e divertido, chamou a atenção do diretor Fábio Martinho e foi convidada para cobrir os bastidores do carnaval em 2014. Com o sucesso, passou a ser fixa do programa apresentado por Nelson Rubens e Flávia Noronha. No twitter, é possível encontrar menções sobre sua sexualidade quando aparece na telinha. “Tô vendo o TV Fama e apareceu uma jornalista com cara de traveco (sic)” disse uma internauta na rede social. “O TV Fama botou uma drag para fazer uma reportagem sobre a Patrícia Abravanel” disse outro ao assistir uma matéria feita por ela sobre as polêmicas declarações da filha de Sílvio Santos . “Aquela travesti é a melhor repórter do TV Fama” elogiou um outro perfil.
O fato é que ela já se acostumou com essa repercussão. “É normal esse espanto das pessoas ao verem uma travesti comandando uma matéria. Infelizmente, temos poucas oportunidades de trabalho e isso também é refletido no meio televisivo. Pela falta de vaga ou por medo de sofrer preconceito, algumas vêm na prostituição a única saída. No meu caso, com muita garra, eu consegui fugir disso e estou em uma empresa que me abraçou de uma forma incrível” elogia.
“Quando eu entrei na emissora ainda estava em uma fase drag queen. Normalmente ficava de menino e me vestia de mulher apenas para as matérias. O acolhimento que eu tive aqui, por parte do meu chefe Abrão Farina e toda a equipe, não encontramos em qualquer lugar. Agora que me assumi trans, o meu crachá, por exemplo, não tem o meu nome de batismo e sim o meu nome social. Esse respeito à minha identidade me emociona muito” comemora.
Ainda em transformação, Lisa, que está casada há um ano e meio, conta que está se preparando para fazer a sua primeira cirurgia plástica. “Vou colocar silicone em breve. Estou em avaliação com uma equipe ótima comandada pelos Dr Laerte Thomaz Jr. Quero me sentir mais completa” conta.