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Urbanos ou não, jovens transgressores inspiram contos

É gostoso ler Vapor Barato, o primeiro livro do escritor alagoano José Valdemar de Oliveira. Publicado em fevereiro deste ano pela editora 7letras, foi selecionado para concorrer na fase inicial do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, um dos mais importantes do gênero e que atualmente tem entre seus indicados Santiago Nazarian e Daniel Galera. Este segundo é autor de “Até o dia em que o cão morreu”, que deu origem ao filme Cão Sem Dono.

Voltando ao vap… ops, livro, o leitor encontrará nove contos cheios de sentimentos e sensações. Dá a impressão de estar na pele dos personagens e saber ou tentar saber suas próximas falas e/ou pensamentos. É um livro que provoca, mexe com valores e conceitos e, por que não?, pré-conceitos.

De leitura rápida e linguagem ágil, o livro abre com Tão Sexy Gay que inicia assim: “As noites de sábado foram feitas pra transgredir os limites estabelecidos”. E da mesma forma que Gilda, a protagonista-perua do conto, transgride os limites estabelecidos da noite e vai para baladas e raves se dividindo em mil amores e ressacas, José Valdemar transgride também alguns limites, surpreendendo o leitor com histórias imprevisíveis.

Todos os contos são bons. Claro que uma pessoa pode gostar mais de um que de outro, entre os meus preferidos está “E o Homem Fez a Mulher (Ou: O Eterno Teatro da Hipocrisia)” na qual um casal discute a relação de uma maneira bem inusitada com direito a platéia e tudo.

Vapor Barato, o conto que dá nome ao livro, fala de como a vida numa cidadezinha muda radicalmente após a chegada de uma visitante revolucionária. Uma turminha de amigos passa a fazer umas festinhas bem estilo comunidade hippie anos 60. Os encontros subversivos do grupo são responsáveis pelas partes picantes do livro. Cada um dos envolvidos narra a sua visão da história “…ganhou coragem e nos expôs seu desejo fora da lei. Até então, pressionado por um batalhão endemoniado, só saía com garotas. Raramente. Fui seu primeiro cara a foder seu rabo. Curto uma chupadinha, comer um cuzinho, mas não sou gay. Aí não, né?, tinha as meninas também. Boas bocetinhas. (…) Não pretendia magoá-lo por nada neste mundo. Me limitava a sorrir, botar o pau pra fora, ele metia a boca, botava camisinha, se posicionava e eu me enfiava. Pra mim era só isso, curtição sexual com um amigo. Entre os sectários do grupo, ele foi aceito naturalmente, e nunca mais se sentiu rejeitado, um bicho estranho. Que se foda o sistema!”

É importante frisar que os contos não são narrativas sexuais, a parte citada acima é só um trecho de um parágrafo. Boa parte não é nem gay, quer dizer, até é, mas todo o contexto homoerótico presente está nas entrelinhas. Sessão da Tarde, o conto que encerra o livro, fala de uma tarde num cinemão.

Tem mais detalhes sobre José Valdemar e seu livro na 5ª edição da revista A Capa. Para acessar o site da editora você pode clicar aqui. No site da Livraria Cultura foi o único lugar em que encontrei o livro, mas confesso, não tive tempo de dar um google. O contato do escritor, a quem interessar possa é jvodede@ig.com.br 

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