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“Vai ser um romance meio brutal”, diz Caio Blat sobre amor gay em “Liberdade, Liberdade”

Em entrevista, o ator comenta sobre como é interpretar um personagem homossexual em uma novela que se passa no século 19

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Ultimamente, retratar personagens gays na TV tem causado polêmica.
 
Quando isso se dá em uma trama de época, que se passa no início do século 19, o cuidado é ainda maior. E é exatamente essa a situação de André, jovem que Caio Blat encarna em Liberdade, Liberdade, novela das 23h da Globo.
 
O paulistano de 35 anos sabe bem disso, mas garante que a equipe tem carta branca para trabalhar a paixão que surgirá entre o nobre e o capitão Tolentino (Ricardo Pereira), que capturou Tiradentes (Thiago Lacerda) e é fiel à Coroa portuguesa – logo, um dos principais algozes de Joaquina (Andréia Horta).
 
– André é bem reprimido e o bacana é mostrar esse processo de descoberta. O pai já o colocou para sair com mulheres, mas não existe atração. Ele tem desejo em observar escravos, olhar homens fortes trabalhando, ver os soldados – analisa Caio. 
 
Na entrevista a seguir feita pelo site ZH TV, o ator fala um pouco mais sobre essa relação de André e Tolentino.
 
Como o encantamento do André pelo Tolentino será mostrado? O fato de a novela ser exibida às 23h é uma garantia de liberdade para abordar esse tipo de romance?
 
A gente tem liberdade, sim. O compromisso é o de fazer com bom gosto. Acho que o Mário Teixeira (autor da trama) está escrevendo de forma brilhante o personagem, com todas as suas contradições e inadequações à época. Isso tudo será tratado com o máximo de delicadeza. Eu não sei como irá explodir esse caso entre os personagens, mas vai acontecer mais para a frente. Vai ser um romance meio brutal, meio O Segredo de Brokeback Mountain (filme de 2005). Essa, aliás, é a referência.
 
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Como foi a preparação para viver um personagem do século 19?
 
Tivemos muitas aulas de História e de comportamento. Foram vários meses trabalhando dentro de sala, com o elenco, figurino, objetos e talheres da época. A gente fez uma imersão grande.
 
Mesmo assim, o André parece meio fora da época dele. Como funciona isso para você?
 
André foi criado na Europa e obrigado a fugir para o Brasil quando ainda era uma sociedade rural. E tem horror ao país, não queria vir. Um cara errado no lugar errado. A nossa sociedade era brutal, selvagem, com pessoas analfabetas. André saiu de um país onde se estava absorvendo a Revolução Francesa e o Iluminismo e chega a outro no qual 99% das pessoas sequer sabem ler. O Brasil é o último lugar onde ele queria estar!
 
Ele vai se envolver com um cara que luta contra os ideais de Joaquina, sua irmã. Pode surgir algum embate em função disso?
 
O André sempre se preocupa com a Joaquina, porque ela é muito impulsiva. Ao mesmo tempo, sabe que não tem como mudá-la. É o jeito dela e vai ser sempre assim. Ele pede para ela ser cuidadosa, não se expor… Mas a aproximação dele com o Tolentino não se deu por uma questão ideológica. Não sei o que vai acontecer mais para a frente, mas são situações distintas.
 
Você se interessava por essa parte da História do Brasil?
 
Sempre gostei muito da História do Brasil. Curto estudar as revoluções francesa, industrial, burguesa. Isso tudo desemboca no Brasil, e eu gosto muito. Para compor o André, eu lembrei demais do personagem do Guilherme Piva em Xica da Silva, que vivia na mesma época que o André e também era gay.
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