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Valeu (ou não) os LGBTs terem assistido “Babilônia”? Confira 10 motivos

A novela "Babilônia" chega ao fim nesta sexta-feira (28) em clima de um dos maiores fiascos da TV Globo. Nem mesmo após ter mudado metade das histórias (e talvez seja exatamente por esse motivo), a trama deixou de amargar a pior média de audiência da história: 25 pontos.

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O fato é que o folhetim de Gilberto Braga patinou entre levantar a bandeira do não preconceito e tentar atender as expectativas do já acostumado telespectador preconceituoso.

Por esse motivo, há bons e maus motivos para a comunidade LGBT ter comemorado, chorado ou se irritado com o folhetim. E não me venha com "não estou disposta", pois antes de ir ao ar todos estavam ansiosos pelos romances lésbico entre senhoras, gay entre galãs e a volta da atriz travesti Rogéria às novelas. 

O A CAPA cita motivos para ter comemorado e outros para ter mudado de canal. Será que valeu ficar ligadinho na novela?

LIGANDO…

ROMANCE ENTRE IDOSAS

Pela primeira vez, o amor entre LGBT da terceira idade – um dos maiores tabus até dentro da comunidade – foi retratado em uma novela brasileira. As sexagenárias Teresa e Estela, vividas por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, trocaram juras de amor, se casaram e tiveram várias falas de aceitação. "A sociedade, de vez em quando, tenta mudar e esconder pessoas como eu. Não consegue. Não vai conseguir nunca", é uma das falas mais marcantes.

HOMOFÓBICOS SÃO VILÕES

Os personagens Aderbal (Marcos Palmeira) e sua mãe Consuelo (Arlete Salles) não poderiam ter surgido em tempo melhor. Político e charlatão, ele tem discurso religioso para justificar o preconceito contra a comunidade LGBT. Mas por trás dos panos, apronta poucas e boas. Já a hilária Consuelo investe em falas que mais parecem sair de um humorístico. Qualquer semelhança com a realidade pode não ser mera coincidência. Palmas para a atuação de Arlete! 

VISIBILIDADE TRANS

A novela também trouxe uma personagem transexual humanizada, vivida pela atriz Rogéria, que é travesti. A escalação atendeu um recorrente pedido da militância: que tais personagens trans sejam interpretadas por pessoas trans, e longe da tão comum caricatura de atores homens. Bem-humorada, Ursula Andressa é dona de um salão, mãe de Osvaldo e avó de Gabi.

AMOR ALÉM DO SEXO

Ivan (Marcello Melo Jr) e Sérgio (Claudio Lins) viveram um romance aos trancos e barrancos. E depois que Sérgio finalmente sai do armário, é o amado que acaba sofrendo um acidente e ficando paraplégico. Para mostrar que o relacionamento gay pode ser mais profundo que o sexo em si, eles continuam a relação, o romance e até decidem morar juntos. A cena em que Sérgio dá banho em Ivan foi uma das mais emocionantes da história da teledramaturgia.

BEIJO NO PRIMEIRO E SEGUNDO CAPÍTULOS

Há de se reconhecer que a trama foi ousada ao trazer um beijo entre Estela e Teresa logo no primeiro capítulo, indo na contramão de outros folhetins. Antes, os beijos entre pessoas do mesmo sexo só ocorriam nos últimos capítulos, após uma vasta pesquisa de opinião entre telespectadores. Foi por conta deles que a novela começou a sofrer boicote. Valeu pela iniciativa. 

NOVAS FAMÍLIAS

Num momento em que os políticos do Congresso discutiam o "Estatuto da Família", que visava considerar famílias apenas casais heterossexuais, a obra também abordou as diversas constituições de família. E a maioria dos personagens – bem como Paula (Sheron Menezzes), Vinícius (Thiago Fragoso) e Bento (Dudu Azevedo) – aprovavam e discursavam a favor. Dentre as famílias estão a de Tereza e Estela, que são mães de Rafael (Chay Suede), que fizeram uma participação fake no Encontro de Fátima Bernardes.

BATEU-LEVOU

Enquanto os crimes homofóbicos provocam diversas mortes e agressões em todo o Brasil, a trama mostrou uma realidade diferente: toda vez que era provocado, Ivan revidada as agressões na mesma moeda. E, para a sua sorte, acabava sempre levando a melhor nos confrontos com o homofóbico Guto (Bruno Gissoni). Já Sérgio era paz e amor e procurava resolver os confrontos com o sobrinho homofóbico Fred (Filipe Ribeiro) no diálogo.

DESLIGANDO…

BEIJOS VETADOS

Depois que cogitou-se um boicote e a audiência não decolou, a novela vetou todo e qualquer beijo entre as personagens de Estela e Tereza. As duas, que no começo se beijavam e trocavam carinhos, ficaram tão frias uma com a outra que nem pareciam as mesmas… Já Ivan e Sérgio poderiam ser meros amigos pela falta de míseros selinhos. Talvez devessem ter comprado a briga até o fim, já que a audiência não mudou mesmo. 

Rogéria na geladeira

Rogéria demorou meses e mais meses para entrar na obra. Tanto que muita gente cogitou que ela sequer apareceria até o fim, uma vez que a tendência era sublimar os personagens LGBT. Parte de seu núcleo foi literalmente extinto e a história foi adaptada para não gerar a ira de conservadores. Sorte que deu tempo de ela dar pinta por lá. 

Marcos Pasquim e a "cura gay"

Ao contrário do que foi anunciado, o personagem Carlos Alberto (Marcos Pasquim) deveria ser o par romântico de Ivan. Porém, uma pesquisa com telespectadoras paulistas mudou os rumos do personagem. As mulheres disseram que não gostavam de ver Pasquim – um galã que sempre esteve interpretando machões héteros – num papel gay. E ele foi transformado em hétero, morrendo nos últimos capítulos. Pasquim ficou refém de seus personagens – e da homofobia do público – tadinho. 

PLACAR
7 bons motivos
3 maus motivos

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