Os Estados Unidos da década de 70 presenciaram o nascimento de grupos separatistas de lésbicas. Eram mulheres que decidiram não se preocupar com salários iguais ou fazer com que os maridos lavassem pratos: afastaram-se da sociedade patriarcal em que viviam.
Esses grupos podiam ser encontrados de costa a costa no país e construíram uma micro sociedade na qual nem crianças do sexo masculino podiam participar. A jornalista assumidamente lésbica Ariel Levy entrevistou, para um artigo para a revista The New Yorker, uma das fundadoras do Van Dykes, grupo de lésbicas separatistas.
As Van Dykes não eram o grupo mais intelectualizado ou mais influente da época, mas eram um grupo interessante: vegans de cabeças raspadas, elas viajaram o país todo em uma van sem falar com homem algum, se alimentando de frutas na beira da estrada.
Heather Elizabeth (mais tarde chamada de Heather Van Dyke e atualmente de Lamar Van Dyke) e sua namorada decidiram lotar uma van de dykes e viajar por todo o país. Imagine só o dykedrama: uma van cheia de lésbicas, todas transando umas com as outras.
Elas não acreditavam em monogamia, porém, em um determinado momento, elas começaram a brigar. E mais, com o passar do tempo, as mulheres vegan que entraram na van eventualmente descobriram o sadomasoquismo. Inclusive visitaram congressos feministas e festivais femininos de música com oficinas SM.
Segundo Levy, o separatismo tem a ideia de que “se não pode vencê-los, deixe-os e, vivendo no seu próprio microcosmo, finja que o mundo é o que você quer”. Nos anos 70, muitas vezes ser lésbica era considerado uma questão política e não de orientação sexual: era a coisa mais feminista que você podia fazer ou ser. Por isso muitas lésbicas separatistas eram heterossexuais. Elas acreditavam que ser lésbica era rejeitar a sociedade patriarcal. A jornalista acredita que você pode ser lésbica e não se envolver de maneira alguma com o feminismo. Fato.
Muitos argumentos contra o separatismo baseiam-se na questão da igualdade: Como você pode esperar direitos iguais se você não quer incluir outros diferentes de você na sua vida? Não é o ideal que todos coexistam pacificamente e sem ódio? Não é o que todos queremos?
Não, segundo Lamar Van Dyke que aos 60 anos protesta: “A sua geração quer se encaixar… gays no exército e casamento gay? É essa a ideia que vocês tiveram? Nós não ficávamos sentadas olhando para nossos celulares ou para computadores ou para a televisão – nós não ficávamos em frente a uma tela. Nós não esperávamos que uma tela nos desse o sinal do que devíamos fazer. Nós estávamos na rua, fazendo qualquer coisa que quiséssemos.”
E você? O que acha? A nossa geração está mesmo lutando as batalhas erradas?