Na última sexta-feira (10/09), aconteceu a inauguração do Centro de Memórias LGBT, uma parceria entre a Ong Casarão Brasil e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS).
O Centro de Memórias ficará, por hora, na sede da Ong Casarão Brasil, porém, os idealizadores estão trabalhando para conseguir um espaço próprio. Mas, como disseram à reportagem de A Capa, a burocracia é muito grande e o espaço próprio pode levar, ainda, um bom tempo.
Douglas Drummond, fundador do Casarão Brasil, estava muito contente com o evento. Para ele, mais do que um lançamento oficial, a ideia era dar "um pontapé inicial" para que as pessoas ficassem sabendo que existe e que elas passassem a doar coisas que têm a ver com a cultura gay e contribuir para que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso à história e à memória da comunidade LGBT, coisa que as escolas ainda não ensinam.
No momento as doações estão centradas em livros e revistas. Douglas revelou que ganharam a coleção inteira da revista G Magazine. Mas, o empresário afirmou que a ideia agora é pegar peças de roupas de drags como Silvetty Montilla, Salete Campari e Kaká Di Polli. "Imagine que incrível as próximas gerações terem contato com isso?", comemora Douglas.
Encontro de gerações
Mais do que o lançamento do Centro de Memórias LGBT, o evento marcou por reunir os três coordenadores da CADS. Em ordem cronológica: Celso Cury, Cássio Rodrigo e o atual coordenador, Franco Reinaudo.
Por volta das 21h Cury, Reinaudo e Rodrigo se reuniram e discursaram a respeito do projeto de se fazer um centro que contasse a história da comunidade gay. "Desde a minha gestão existe a ideia de se fazer um centro desses, mas é muito difícil", disse Celso Cury. Em seguida ressaltou a importância da doação. "Quando as pessoas doam, muitas outras poderão ter acesso ao material. Em casa, apenas duas ou um pouco mais de pessoas terão acesso".
Em sua fala, Cássio Rodrigo lembrou que por volta de 2005 ele, João Silvério Trevisan e Celso Cury tiveram a ideia de digitalizar o jornal "Lampião de Esquina", o que não aconteceu e tal projeto se deu nas mãos da Ong Dignidade, de Curitiba. No mesmo ano eles começaram a reunir material para fundar o Centro de Memórias LGBT.
O último a falar foi o atual coordenador da CADS, Franco Reinaudo. "A gente costuma brincar que eu sou a filha mais nova", descontraiu Franco. O atual coordenador atentou para o fato de que a comunidade gay ainda não possui "memória".
"A gente não se vê na história do país. Não temos memória. Hoje plantamos uma semente, um espaço onde a nossa história possa ser guardada e para que a próxima geração tenha história e memória", discursou Franco. Por fim, vinho pró-seco, suco e salgadinhos foram servidos aos presentes.
Veja fotos do evento a seguir.