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Veja perguntas de militantes para o Ministro da Igualdade Racial

Hoje é o dia da consciência negra. Para marcar a data, na edição deste mês da revista A Capa entrevistamos Edson Santos, Ministro da Igualdade Racial. Leia a seguir as perguntas feitas pelos convidados da revista. Confira também a primeira e a segunda parte da entrevista.

Como o ministro percebe o cruzamento entre o preconceito racial e o homofóbico. Há algum paralelo entre eles?
(Murilo Sarno, vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo)
Geralmente, quem é intolerante vai ser preconceituoso com a opção sexual e com a origem étnica das pessoas. Acho que a intolerância está muito vinculada à ignorância. Enxergo que são coisas que caminham juntas. Assim como acho que o combate à intolerância quanto a opção (sic) sexual ajuda no combate à intolerância racial. Vejo também que a luta do movimento negro ajuda para que sejamos um país mais democrático.

A marginalização por ser negro, homossexual e pobre foi personificada em nossa cultura pela figura do transformista Madame Satã, famoso no Rio na primeira metade do século XX. O que o senhor acha que mudou na vida de um gay negro e pobre dessa época pra cá?
(Sergio Ripardo, jornalista. Assinava a coluna Destaques GLS na Folha Online)
A sociedade ainda discrimina muito o gay, e vai discriminar mais se ele for negro. O Brasil ainda não conseguiu superar isso. Mas, a existência de um movimento organizado LGBT e a existência de um movimento negro que também é sensível a causa LGBT vai contribuir para um amadure-
cimento maior da sociedade.

A população negra já conseguiu afirmar o orgulho racial em cidades como Salvador, onde é possível perceber a valorização da raça como elemento indissociável do respeito à dignidade daquela comunidade. Quais as ações políticas que a SEPIR tem adotado para transformar esses espaços, em que há valorização racial, em ambientes propícios à livre manifestação do afeto e à plena afirmação dos direitos da diversidade sexual?
(Dimitri Sales, da Secretaria de Justiça do Governo Estadual de São Paulo)
Eu não sou tão otimista assim em relação a Salvador. Ainda vejo uma cidade que embora se beneficie da riqueza cultural produzida pelo negro, esse ainda é muito discriminado e sofre todas as mazelas que essa sociedade capitalista oferece a esta população. Há uma imposição, hegemonia da cultura negra em Salvador.

Por que nas políticas gerais do Ministério não há a inclusão da comunidade LGBT?
(Fernanda Benvenuty da Astrapa – Associação de Travestis e Transexuais da Paraíba)
A gente aqui tem um foco voltado para as políticas de ação afirmativa e outro  voltado para as comunidades remanescentes de quilombos. É evidente que nós deixamos de dialogar com o movimento LGBT, mas esse diálogo vai se dar de uma forma transversal do ponto de vista do nosso foco, que é a promoção da igualdade racial. Mas estamos abertos e disponíveis para dialogar com instituições e com o movimento LGBT de uma forma mais ampla.

O ministro não considera que cotas e ações afirmativas deveriam beneficiar a todas as minorias historicamente discriminadas, e sobretudo as que continuam sendo mais vitimizadas ainda hoje, como homossexuais e transexuais, que diferentemente das minorias raciais, sofrem preconceito e discriminação dentro da própria casa e família? E o que senhor acha das cotas para a comunidade LGBT?
(Luiz Mott, antropólogo e fundador do Grupo Gay da Bahia)
É necessário estabelecer uma certa diferença nesse campo aí. As cotas são voltadas para oportunidade. Acho que você não pode discriminar um jovem por que ele é negro e homossexual e quer entrar na universidade. O que está colocado hoje de uma forma organizativa que a gente tem pela frente é fazer com que a faculdade pública seja efetivamente pública e não uma universidade que sirva aos filhos da elite. As cotas são para dar oportunidade ao jovem pobre e negro independente de sua opção (sic) sexual. Sobre as cotas para LGBT, eu não acho legal discriminar, mesmo que de forma positiva, que é o caso das cotas, a pessoa por ser homossexual. Essa discriminação positiva está voltada para a sua condição social, sua potencialidade e sua dificuldade de ingressar em um ambiente universitário. Por isso defendo as cotas com recorte racial e social.

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