Vereadores do PMDB disseram anteontem, dia 20, na Câmara Municipal de Campo Grande, que apóiam a decisão do prefeito Nelson Trad Filho (do mesmo partido) de demitir duas professoras de uma escola municipal da cidade por estas manterem uma relação homoafetiva.
O vereador peemedebista Paulo Siufi afirmou que não houve discriminação no caso. "O afastamento não se deu por sua (sic) opção sexual, mas por que dentro de uma escola não é cabível ou aceitável que se tenha um relacionamento homossexual, heterossexual ou bissexual", disse ao site Última Hora.
O vereador e pastor evangélico Sérgio, também do PMDB, foi mais além e afirmou que a homossexualidade é prejudicial às pessoas: "Imagine, ensinar a uma criança algo que vai prejudicá-la lá na frente".
Fazendo coro, Magali Picarelli (PMDB) disse que, como mãe, cidadã, mulher e professora apóia a atitude do prefeito Nelson: "Dentro de uma escola todos têm que estar participando com a criança para que ela tenha referências de caráter e moral".
"Dentro de uma escola os professores são contratados para educar as crianças. Em nenhum momento houve discriminação, o que houve foi uma conclusão de que a escola não estava sendo utilizada para ensinar a pedagogia e a carga disciplinar que as crianças tinham que receber. Não podemos confundir opção sexual com atividade profissional", afirmou o vereador Siufi.
"Se você tivesse seu filho de cinco anos estudando lá você iria pensar o quê?", questionou o homofóbico prefeito de Campo Grande.
Da bancada do PP, o vereador Alcides Bernal criticou a reportagem do Fantástico, da TV Globo, que tratou do caso no último domingo. "Lamento que o Fantástico não tenha abordado a forma como é tratada a educação em nosso município. Não se pode tratar um fato isolado desta forma. O prefeito tomou uma postura sensata".
O vereador Gilmar Olarte (PP) citou declaração do jornalista Rui Pimentel que em seu programa Tribuna Livre disse que os que "esperavam que a atitude do prefeito Nelson Trad fosse prejuízo para ele quebraram a cara, pois a população está a favor dele".
Contrariando a declaração de Gilmar, enquete do site Última Hora aponta que 55,6% (até o fechamento desta matéria) acreditam que a atitude do prefeito foi preconceituosa. Outros 9,3% disseram que o prefeito será punido pelos gays nas urnas.
Já o vereador Cabo Almi (PT) declarou-se contrário à atitude do prefeito e defendeu a discussão em torno do tema.
"O relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é um debate mundial. Acredito que o que está sendo questionado é o local de trabalho. Porque demitir as funcionárias? Já imaginou se todos os funcionários que praticarem o mesmo ato forem demitidos? Acho que a pena é muito grave em relação ao fato".
Indenização
As duas professoras já ingressaram na Justiça com uma ação indenizatória contra a prefeitura. Elas exigem, cada uma, 250 mil de indenização por danos morais.
Uma das professoras, que era contratada, teve o contrato rescindido pela prefeitura em abril passado, e não foi mais renovado. A outra docente, que era efetiva, foi remanejada e atualmente é aposentada por tempo de serviço.
Segundo o advogado das professoras, elas passaram por várias situações de constrangimento na escola rural em que lecionavam.
"Teve um professor que quando soube que elas eram homossexuais se afastou do grupo e separou seus objetos pessoais como garfo e faca", contou.